Irã descarta negociações com os EUA e acentua críticas às potências imperialistas ocidentais

247 - O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou nesta terça-feira (29) que Teerã não pretende iniciar negociações com os Estados Unidos neste momento. As declarações foram feitas durante cerimônia oficial na capital iraniana.

Araghchi explicou que o governo iraniano mantém seu compromisso com os princípios pelos quais os mártires do país tombaram. “Nosso objetivo em todas as áreas, incluindo negociações, é defender o sangue dos mártires e os princípios pelos quais eles caíram”, declarou o chanceler. Segundo ele, não há, até agora, nenhum acordo concreto que sinalize a retomada de negociações com Washington.

A recusa iraniana em dialogar com os EUA ocorre num momento de intensificação das tensões entre Teerã e as potências ocidentais, especialmente após a recente guerra de 12 dias e o recrudescimento de sanções unilaterais impostas contra o país.

O líder supremo da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, também se pronunciou publicamente sobre o tema em evento que marcou o 40º dia de luto pelas vítimas da última ofensiva israelense. Para Khamenei, os ataques verbais e diplomáticos do Ocidente têm motivações ideológicas.

“A arrogância global, liderada pelos Estados Unidos, se opõe à religião e à unidade do Irã”, declarou o líder, referindo-se à hostilidade contínua que, segundo ele, os EUA alimentam contra os valores da República Islâmica. Khamenei ainda disse que as acusações relativas ao programa nuclear iraniano e às supostas violações de direitos humanos são apenas pretextos para tentar conter o avanço do país.

O posicionamento firme das autoridades iranianas sinaliza que qualquer possibilidade de reconciliação com os Estados Unidos dependerá de mudanças profundas na postura de Washington — especialmente sob o governo do presidente Donald Trump, que recentemente voltou a endurecer a política de sanções e de isolamento contra o Irã.

Ao recusar conversas com os EUA neste momento, Teerã opta por fortalecer sua resistência estratégica e buscar alianças com países do Sul Global, em contraponto à política de pressão máxima defendida por Trump.

A continuidade das tensões poderá ter reflexos tanto nas negociações multilaterais quanto na segurança regional, especialmente em um cenário já marcado por confrontos armados e disputas diplomáticas. Enquanto isso, o Irã segue afirmando sua soberania e sua capacidade de resistir à ingerência e à opressão imperialista.