Lavrov: 'proposta paz de longo prazo entre Israel e Palestina só é possível por meio da solução de dois Estados'
O chanceler afirmou que o plano apresentado por Donald Trump precisa de 'termos concretos, incluindo as fronteiras do Estado palestino'
247 - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que o plano de paz apresentado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para a Faixa de Gaza precisa ter mais consistência, porque, de acordo com o chanceler, não atende às necessidades dos palestinos.
'Solução de longo prazo entre Israel e Palestina só é possível por meio da solução de dois Estados, apoiada pela ONU. O plano de paz de Trump limita-se à Faixa de Gaza. Deve ter termos concretos, incluindo as fronteiras do Estado palestino'.
Os Estados Unidos apresentaram uma proposta para encerrar o conflito na Faixa de Gaza que estabelece um prazo máximo de 72 horas para que o Hamas liberte todos os reféns, estejam eles vivos ou mortos.
Segundo números divulgados por Israel, dos 48 sequestrados, apenas 20 ainda estariam com vida. Em contrapartida, Tel Aviv se comprometeria a soltar cerca de 2 mil palestinos detidos, incluindo prisioneiros condenados à prisão perpétua.
O plano prevê ainda que o Hamas receba anistia, desde que entregue suas armas, mas a organização ficaria impedida de integrar qualquer administração local.
A gestão de Gaza passaria a ser conduzida por um governo provisório de transição, composto por palestinos considerados aptos e por especialistas internacionais. A supervisão desse processo ficaria a cargo de um “Conselho da Paz”, liderado pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Dados preocupantes
Estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde da Faixa de Gaza apontaram que mais de 67 mil palestinos morreram vítimas dos ataques israelenses desde outubro de 2023.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que 9 em cada 10 dos 2,1 milhões de habitantes da Faixa de Gaza fugiram de suas casas durante o conflito.
Em 22 de agosto, a ONU disse que mais de meio milhão de pessoas em Gaza estão passando fome, segundo a análise da Classificação Integrada de Segurança Alimentar. Esta é a primeira vez que a fome é declarada no Oriente Médio.
Tribunais
Em dezembro de 2023, Israel passou a responder a uma denúncia na Corte Internacional de Justiça (CIJ), protocolada pela África do Sul. O governo de Pretória solicitou medidas emergenciais contra autoridades israelenses, acusando-as de praticar atos de caráter genocida na Faixa de Gaza.
Segundo os sul-africanos, as ofensivas militares e a falta de ação de Israel configuram violações da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Tel Aviv, por sua vez, sustenta que apenas exerce seu direito de defesa diante de ataques terroristas e rejeita as acusações. O Brasil manifestou apoio formal ao processo aberto pela África do Sul.
Já em janeiro de 2024, a CIJ determinou que Israel adotasse medidas para evitar a prática de genocídio, punisse indivíduos que pregassem a destruição dos palestinos e assegurasse a entrada de ajuda humanitária em Gaza. A corte, contudo, não atendeu à solicitação sul-africana de suspender as operações militares israelenses. O caso recebeu respaldo de diversos países, entre eles o Brasil.
Meses depois, em novembro de 2024, a CIJ expediu ordens de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, contra o então ministro da Defesa Yoav Gallant e também contra lideranças do Hamas, sob a acusação de crimes de guerra. Tanto Israel quanto o grupo palestino rejeitam essas acusações.


