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Rússia diz que Ocidente sabota negociações nucleares com o Irã

Sergei Lavrov critica ações de potências ocidentais e denuncia manobras para aumentar tensões no Oriente Médio

Sergey Lavrov (Foto: Sputnik)

247 - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou as potências ocidentais de adotarem estratégias para enfraquecer a confiança entre países árabes e o Irã nas negociações sobre o programa nuclear iraniano. Em entrevista ao projeto Pontes para o Leste, concedida na última quarta-feira (8), o chanceler russo afirmou que o Ocidente está empenhado em obstruir qualquer avanço diplomático envolvendo Teerã.

Segundo informações divulgadas pela rede HispanTV, Lavrov destacou que “muitos gostariam de manter a cautela dos países do Golfo em relação ao Irã. Esses são truques do Ocidente”, declarou, frisando que existem interesses em perpetuar a desconfiança. Ele ainda lembrou que “os britânicos sempre foram conhecidos por seu princípio de dividir para reinar”, acrescentando que alguns parceiros ocidentais “ainda são guiados por hábitos coloniais e neocoloniais”.

Irã mantém postura de negociação apesar das sanções

O chanceler russo ressaltou que Teerã tem demonstrado disposição em retomar o diálogo, mesmo diante da reimposição de sanções pela ONU no fim de setembro. A medida foi solicitada pelo Reino Unido, França e Alemanha — três dos signatários do acordo nuclear de 2015. “Durante todos esses meses, desde janeiro, quando o Ocidente começou a ‘jogar’ pela reintrodução de sanções, mesmo sem base legal, o Irã tem defendido consistentemente negociações, demonstrado flexibilidade e criatividade em suas abordagens e procurado não sucumbir a provocações”, afirmou Lavrov.

De acordo com o ministro, o esforço ocidental busca também inviabilizar a cooperação entre Teerã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). “Tudo indica que está agindo deliberadamente para provocar um conflito maior”, disse. Para ele, a tentativa de reimpor sanções contra o Irã é “completamente injusta” e acompanhada de exigências desproporcionais, como o desarmamento unilateral da República Islâmica, inclusive em programas de caráter pacífico.

Pressão internacional e impasse diplomático

No final de agosto, os países europeus acionaram o chamado mecanismo de recuperação da Resolução 2231, que abre caminho para restabelecer sanções da ONU contra o Irã. O Conselho de Segurança teve 30 dias para avaliar se manteria o levantamento das restrições, mas na última semana rejeitou a prorrogação, abrindo espaço para que as sanções sejam retomadas caso não haja progresso diplomático.

O governo iraniano, por sua vez, classificou a medida como “nula e sem efeito”, alegando que Reino Unido, França e Alemanha descumpriram suas obrigações no âmbito do acordo nuclear após a saída dos Estados Unidos em 2018. Por isso, Teerã sustenta que os europeus não possuem legitimidade legal para reativar as sanções.

O impasse reflete mais uma vez as tensões em torno do programa nuclear iraniano e expõe o cenário de disputa geopolítica em um momento de fragilidade da ordem internacional.

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