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      Jeffrey Sachs critica incoerência dos EUA e vê reunião entre Trump e Putin como oportunidade perdida para a paz

      Economista afirma que encontro no Alasca poderia encerrar guerra na Ucrânia, mas condena postura belicista de Washington

      Trump diz estar ansioso por segundo encontro com Putin (Foto: REUTERS/Jorge Silva)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O economista e professor Jeffrey Sachs criticou duramente a política externa dos Estados Unidos e a condução da guerra na Ucrânia pelo atual presidente Donald Trump, avaliando que a reunião marcada para ocorrer no Alasca com o presidente russo Vladimir Putin é cercada por confusão, contradições e ausência de um plano claro para a paz. As declarações foram feitas em entrevista publicada no cana do professor Glenn Diesen que o entrevistou, onde Sachs apontou que o encontro poderia representar uma chance real de encerrar as hostilidades, mas que o cenário geopolítico e a falta de coragem política indicam um resultado limitado.

       “Trump não explica sua visão, não apresenta documentos oficiais e governa com mensagens curtas, ambíguas ou incorretas nas redes sociais. É um ambiente caótico e perigoso para lidar com potências nucleares”, afirmou Sachs, ao analisar o anúncio de última hora sobre o encontro.

      Críticas à postura dos EUA e da Europa

      Sachs lembrou que, apesar de Trump ter reconhecido no início do mandato que a expansão da Otan foi uma provocação contra Moscou, ele rapidamente recuou diante das pressões internas e externas. Para o economista, Washington adota uma política externa guiada por interesses do complexo industrial-militar e da CIA, ignorando a opinião pública, que majoritariamente quer o fim do conflito.

      Segundo o professor, a Europa também tem responsabilidade na escalada, ao seguir uma estratégia de isolamento diplomático da Rússia e dependência quase total dos EUA, abrindo mão de qualquer autonomia estratégica. Ele criticou líderes europeus por se recusarem a dialogar com Moscou e por agirem com “subserviência” a Washington, mesmo com aprovação popular em queda.

       “Onde está um líder europeu que fale sobre as causas da guerra e proponha um sistema de segurança coletiva? Não existe. É incrível”, disse Sachs, ressaltando que apenas Viktor Orbán e Robert Fico rompem o silêncio entre os líderes do continente.

      Raízes do conflito e falhas diplomáticas

      O economista reiterou que a guerra na Ucrânia decorre de décadas de políticas expansionistas dos EUA e da Otan, citando episódios como a intervenção nos Bálcãs, a retirada de tratados de controle de armas, o apoio a golpes de Estado e a recusa em cumprir acordos de paz como o de Minsk 2. Ele apontou que o objetivo de Washington, desde os anos 1990, tem sido enfraquecer ou até fragmentar a Rússia.

       “Este conflito nunca deveria ter acontecido. É fruto da ampliação da Otan, do golpe apoiado pelos EUA em 2014 e do fracasso da diplomacia ocidental. Há muito mais agressões vindas do Ocidente do que de Moscou”, disse.

      Expectativas para o encontro no Alasca

      Apesar do pessimismo, Sachs acredita que a guerra poderia ser encerrada rapidamente caso Trump anunciasse publicamente que a Otan não irá mais se expandir e que cessarão as provocações contra a Rússia. Ele defendeu que o presidente norte-americano desconsidere as pressões do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e de líderes europeus, afirmando que a prioridade deve ser uma negociação direta entre Washington e Moscou.

       “O presidente dos Estados Unidos deveria dizer a verdade e parar de jogar este jogo com uma guerra por procuração que já matou um milhão de ucranianos”, declarou.

      Para Sachs, a insistência em prolongar o conflito, mesmo diante de pesquisas que mostram maioria da população ucraniana e americana favorável ao cessar-fogo, é resultado de uma “conspiração de poucos” ligada a interesses militares e estratégicos.

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