Israel ameaça barrar visita de Macron caso França reconheça Estado palestino
Chanceler Gideon Sa’ar disse a seu homólogo francês que iniciativa “mina a estabilidade no Oriente Médio” e “não tem lugar” enquanto seguir na pauta
247 - O governo israelense elevou nesta quinta-feira (4) o tom contra a iniciativa da França de reconhecer o Estado palestino durante a Assembleia Geral da ONU, marcada para este mês em Nova York. De acordo com o The Times of Israel, o chanceler Gideon Sa’ar afirmou ao ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, que o presidente Emmanuel Macron “não será bem-vindo em Israel” enquanto a proposta estiver em discussão.
De acordo com nota do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Sa’ar pediu a Barrot que Paris “reconsidere” a decisão, argumentando que o reconhecimento da Palestina “mina a estabilidade no Oriente Médio e prejudica os interesses nacionais e de segurança de Israel”.
“Israel busca boas relações com a França, mas a França deve respeitar a posição de Israel quando se trata de questões essenciais para sua segurança e futuro”, disse o chanceler durante a ligação.
Macron articula conferência em Nova York
A escalada diplomática ocorre dois dias depois de Macron anunciar que trabalha em “estreita coordenação” com o rei Abdullah II, da Jordânia, para a realização de uma conferência internacional sobre a solução de dois Estados. O encontro está previsto para 22 de setembro, em Nova York, e tem como objetivo oferecer “uma perspectiva crível de esperança” tanto para israelenses quanto para palestinos.
O presidente francês defendeu ainda um cessar-fogo imediato em Gaza, a libertação de todos os reféns e a ampliação da ajuda humanitária. Também rejeitou qualquer reconstrução da Faixa que envolva deslocamento forçado de palestinos, classificando tal medida como contrária ao direito internacional.
Contexto internacional
Atualmente, 142 dos 193 países-membros da ONU já reconhecem a Palestina. Embora o reconhecimento francês seja em grande parte simbólico, a decisão teria peso político por vir de um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e integrante do G7.
Nos últimos meses, Canadá, Reino Unido, Austrália e Bélgica também sinalizaram disposição em formalizar o reconhecimento, com diferentes condições. A Bélgica foi além e anunciou que associará o gesto a sanções contra Israel, incluindo restrições comerciais e políticas.
Enquanto isso, a pressão diplomática cresce em meio ao agravamento da crise humanitária em Gaza. Autoridades locais estimam mais de 60 mil palestinos mortos desde o início do massacre, incluindo cerca de 18 mil crianças.