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França e Jordânia organizam conferência em Nova York para discutir solução de dois Estados

Macron e rei Abdullah II reforçam oposição ao deslocamento de palestinos e defendem cessar-fogo imediato em Gaza

Presidente francês Emmanuel Macron em Nice 9/6/2025 (Foto: Laurent Cipriani/Pool via REUTERS)

247 - O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta terça-feira (2) que trabalha em “estreita coordenação” com o rei Abdullah II da Jordânia para a realização de uma conferência internacional sobre a solução de dois Estados. O encontro está marcado para o dia 22 de setembro, em Nova York. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.

Segundo Macron, a iniciativa busca construir uma “perspectiva crível de esperança” para israelenses e palestinos, ao mesmo tempo em que rejeita qualquer proposta de reconstrução da Faixa de Gaza que envolva o deslocamento forçado da população palestina. “Uma proposta desse tipo, contrária ao direito internacional, levaria apenas a um beco sem saída”, declarou o presidente francês.

O chefe de Estado francês destacou que sua articulação com o rei Abdullah II tem como objetivo garantir que a conferência apresente caminhos concretos. Ele reiterou a urgência de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, a libertação de todos os reféns e o aumento da ajuda humanitária a Gaza. “Dois povos, dois Estados” é, segundo Macron, a única via possível para a paz duradoura na região.

Em tom crítico à ofensiva militar israelense, Macron alertou que a escalada de violência em Gaza “só pode levar a um conflito interminável”. O presidente francês também frisou que nem França nem Jordânia aceitarão qualquer tutela externa sobre o território palestino.

Crescente reconhecimento internacional da Palestina

A França já havia sinalizado, em julho, que reconheceria formalmente o Estado palestino durante a Assembleia Geral da ONU, prevista para este mês em Nova York. A decisão gerou reações divergentes: enquanto Israel classificou a medida como “recompensa ao terror”, os Estados Unidos minimizaram, dizendo que o gesto “não tem peso”.

Outros países também se manifestaram recentemente. Canadá, Reino Unido e Austrália declararam estar dispostos a reconhecer a Palestina sob determinadas condições. Nesta semana, a Bélgica se somou ao grupo, anunciando que oficializará o reconhecimento assim que todos os reféns forem libertados e o Hamas não tiver mais papel político-administrativo no território.

Pressão diplomática europeia e medidas contra Israel

O chanceler belga, Maxime Prévot, afirmou que a formalização virá acompanhada de sanções contra Israel. Entre elas, a proibição de importação de produtos de assentamentos israelenses, a revisão de contratos públicos e restrições a membros do governo e colonos extremistas. “Não se trata de sancionar o povo israelense, mas de garantir que seu governo respeite o direito internacional e humanitário”, declarou.

A Bélgica também defende que a União Europeia reavalie o acordo de associação com Israel, que prevê cooperação econômica e científica. Apesar da proposta de suspensão parcial feita pela Comissão Europeia, países como a Alemanha resistem a aderir.

A crise humanitária em Gaza e o peso da França na ONU

Enquanto as negociações avançam no campo diplomático, a realidade em Gaza é dramática. Mais de 60 mil palestinos morreram desde o início da guerra, incluindo cerca de 18 mil crianças, segundo autoridades locais. A região enfrenta colapso humanitário, com vastas áreas em situação de fome, de acordo com especialistas em segurança alimentar.

Atualmente, 142 dos 193 países-membros da ONU já reconhecem oficialmente a Palestina. O reconhecimento, embora simbólico, tem forte peso político, sobretudo quando parte de potências como a França, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e integrante do G7.

“É frustrante não poder fazer mais”, afirmou a diplomata europeia Kaja Kallas na semana passada, expressando a dificuldade do bloco em avançar com medidas mais duras.

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