Invasão do Pix em Portugal preocupa os Estados Unidos
Sistema de pagamentos instantâneos brasileiro se consolida no varejo português e provoca críticas no mercado norte-americano
247 - O Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil, começa a transformar o comércio varejista em Portugal e já provoca repercussões nos Estados Unidos. Segundo reportagem publicada pelo jornal A Tarde, a tecnologia brasileira passou a ser aceita em grandes redes portuguesas após acordo entre o Braza Bank, no Brasil, e a Unicre, operadora de terminais de pagamento no país europeu.
Desde janeiro, consumidores podem utilizar o Pix em compras no Continente, uma das maiores redes de supermercados de Portugal. A princípio, 18 lojas em Lisboa, Oeiras e Cascais já oferecem a modalidade, depois de testes bem-sucedidos em Braga, cidade com forte concentração de brasileiros. A expectativa é que a aceitação se estenda a todas as unidades da rede nos próximos meses.
Presença brasileira impulsiona a expansão
A decisão das empresas de investir na ferramenta digital foi influenciada pelo tamanho da comunidade brasileira em Portugal, estimada em mais de 550 mil pessoas, das quais cerca de 350 mil vivem na região de Lisboa. O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, ressaltou a importância desse público para a economia local.
Em nota, a Unicre destacou: “A intensa imigração vinda do Brasil na última década, aliada aos mais de um milhão de brasileiros que visitam o nosso país anualmente, levou a UNICRE a estabelecer uma parceria com o Braza Bank, o maior banco cambial do Brasil. O objetivo é massificar o uso do Pix em Portugal, facilitando as transações tanto para residentes como para turistas brasileiros.”
Vantagens e custos para consumidores e lojistas
O Pix em Portugal funciona com conversão automática do real para o euro no momento da compra. O cliente visualiza o valor em ambas as moedas, garantindo clareza na transação. Para utilizar o serviço, é necessário ter conta bancária no Brasil, e o pagamento já inclui a taxa de câmbio e o IOF de 0,38%.
No comércio, a operação implica uma taxa de cerca de 3% para os lojistas, além da exposição ao câmbio. Ainda assim, a ferramenta se mostra competitiva em relação ao cartão de crédito, que costuma passar pelo dólar antes da conversão final. Para os consumidores, a principal vantagem é a previsibilidade do valor, sem surpresas na fatura.
Expansão internacional e críticas dos EUA
Além de Portugal, o Pix já chegou a outros países, como Estados Unidos (Miami), França, Chile, Argentina, Uruguai, Espanha e Paraguai, por meio de parcerias com empresas de tecnologia de pagamento.
O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou a expansão do sistema, classificando o Pix como “uma prática desleal de comércio”. A declaração reflete a preocupação americana com a crescente adoção da tecnologia brasileira, que desafia a hegemonia de empresas de pagamento ligadas ao mercado norte-americano.