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Intel busca aporte da Apple em tentativa de retomada

Gigante dos chips negocia investimento com a Apple enquanto tenta reverter perdas e reforçar produção doméstica nos EUA

Logo da Intel entre duas placas de informática - 06/03/2023 (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração)

247 - A Intel iniciou conversas com a Apple em busca de um investimento que possa fortalecer sua recuperação no setor de semicondutores, segundo reportagem da Bloomberg publicada nesta quarta-feira (24). Fontes próximas às negociações afirmaram que as empresas também discutem formas de ampliar a cooperação, embora as tratativas estejam em estágio inicial e não haja garantia de acordo.

A possível entrada da Apple no capital da Intel marcaria mais um passo na estratégia de reestruturação liderada pelo atual CEO, Lip-Bu Tan. O movimento ocorre em meio ao apoio do governo dos Estados Unidos, que no mês passado adquiriu cerca de 10% da companhia em uma operação conduzida pela administração do presidente Donald Trump.

Alta nas ações e novos parceiros estratégicos

Após a divulgação da reportagem, as ações da Intel subiram 6,4% na Bolsa de Nova York, alcançando US$ 31,22. A valorização reflete o otimismo dos investidores diante da possibilidade de novos parceiros, após aportes recentes de grandes grupos tecnológicos.

Na última semana, a Nvidia anunciou investimento de US$ 5 bilhões para colaborar com a Intel no desenvolvimento de chips voltados a computadores pessoais e centros de dados. No mês anterior, o SoftBank, conglomerado japonês de tecnologia, aportou US$ 2 bilhões na fabricante. Além dessas operações, a Intel também tem procurado outras companhias para parcerias e novos investimentos.

O papel da Apple e o histórico entre as empresas

A Apple foi durante anos cliente da Intel, utilizando seus processadores nos computadores Mac até migrar, em 2020, para chips próprios desenvolvidos em parceria com a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC). Um eventual acordo não deve significar o retorno desses componentes aos dispositivos da Apple, mas serviria como um endosso importante à tentativa de recuperação da Intel.

O CEO da Apple, Tim Cook, declarou recentemente que incentivos à produção doméstica podem gerar efeito em cadeia no setor. “Adoraríamos ver a Intel voltar”, afirmou Cook em entrevista à CNBC.

Desafios e apoio governamental

Mesmo com o reforço de caixa e a valorização em Wall Street, a Intel ainda enfrenta dificuldades. A empresa perdeu vantagem tecnológica para concorrentes como a AMD e não conseguiu aproveitar a onda de demanda por chips de inteligência artificial, dominada pela Nvidia. Além disso, precisou adiar planos de expansão fabril e cortar postos de trabalho.

O governo norte-americano considera a Intel peça-chave na meta de revitalizar a produção de semicondutores em território nacional. A companhia, sediada em Santa Clara, Califórnia, aposta em sua estratégia de atuar como foundry — produzindo chips para terceiros —, embora a adesão de clientes ainda seja limitada.

Investimentos da Apple nos EUA

A Apple, por sua vez, vem reforçando a imagem de parceira da produção nacional. Em agosto, durante evento na Casa Branca, anunciou que aumentará de US$ 500 bilhões para US$ 600 bilhões seus investimentos domésticos nos próximos quatro anos. Entre os principais projetos está um aporte de US$ 2,5 bilhões na Corning Inc., fornecedora histórica de vidros para iPhones.

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