Índia e União Europeia aceleram negociações comerciais sob pressão dos EUA
Ameaça de novas tarifas e sanções impulsiona tratativas por acordo de livre comércio entre Nova Délhi e Bruxelas
247 - A Índia e a União Europeia estão intensificando as negociações para fechar um acordo de livre comércio em meio à pressão crescente de Washington. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (2) pelo portal India Today, que destacou a chegada, nesta semana, de um grupo de representantes europeus a Nova Délhi para discutir pontos sensíveis do tratado.
Segundo a publicação, os principais entraves estão relacionados às regras de origem, ao acesso a mercados e às tarifas sobre produtos agrícolas, em especial vinho e laticínios. A aceleração do diálogo ocorre em um cenário em que os Estados Unidos impuseram tarifas de até 50% sobre produtos indianos, incluindo um adicional de 25% de “penalidade” devido à compra de petróleo e equipamentos de defesa russos.
Pressão ocidental e risco de sanções
Paralelamente, a União Europeia avalia aprovar seu 19º pacote de sanções contra Moscou, que incluiria países acusados de auxiliar a Rússia a contornar as restrições impostas pelo Ocidente. A iniciativa foi reforçada pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que declarou à CNBC: “Se América e União Europeia conseguirem impor mais sanções e tarifas secundárias a países que compram petróleo russo, a economia russa entrará em colapso e isso levará o presidente Vladimir Putin à mesa de negociações”.
As pressões, no entanto, não têm alterado a posição indiana. Em fevereiro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esteve em Nova Délhi e se reuniu com o primeiro-ministro Narendra Modi, quando foi esboçado um “plano de colaboração” em comércio e investimentos. Mesmo assim, a Índia mantém sua política de ampliar o comércio energético com Moscou.
Crescimento das importações de petróleo russo
De acordo com a agência Reuters, empresas privadas indianas como a Nayara Energy e a Reliance Industries pretendem elevar as importações de petróleo russo entre 10% e 20% em setembro, o que pode representar de 150 mil a 300 mil barris adicionais por dia em relação a agosto.
O vice-primeiro-ministro russo Denis Manturov destacou, no mês passado, a relevância estratégica da parceria: “Gostaria de ressaltar especialmente nossa cooperação no setor de energia. Continuamos os embarques de combustíveis, incluindo petróleo bruto e derivados, além de carvão energético e de coque. Vemos potencial também para exportar GNL russo”.