Hamas deve aceitar plano de Trump para Gaza, mas pedirá mudanças
Movimento da resistência palestina sinaliza resposta positiva à proposta dos EUA, mas pressiona por ajustes em pontos incluídos por Netanyahu
247 - O Hamas deve responder de forma “positiva” ao plano apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar o genocídoio em Gaza. No entanto, o movimento da resistência palestina pretende propor emendas ao documento, segundo revelou uma fonte próxima às negociações ao jornal The Times of Israel. A resposta oficial pode ser divulgada em questão de horas.
De acordo com a publicação, mediadores do Egito, Catar e Turquia mantêm conversas em Doha com líderes do Hamas para avaliar a proposta americana, divulgada na última segunda-feira.
Pontos de atrito no acordo
O Hamas considera inaceitáveis alguns dos termos adicionados por Netanyahu na última hora, que endurecem a retirada israelense e as condições de desarmamento do movimento. A proposta de Trump prevê a libertação de todos os reféns em até 72 horas, a entrega completa do arsenal do Hamas e sua exclusão de qualquer papel futuro na administração da Faixa de Gaza. Em contrapartida, o cessar-fogo seria estabelecido e o exército de Israel se retiraria gradualmente, substituído por uma força internacional.
Apesar da sinalização de apoio, não está claro se Washington aceitará debater as alterações propostas. Em ocasiões anteriores, o governo americano reagiu de forma negativa quando o Hamas tentou impor condições. Ainda assim, mediadores árabes defendem que ajustes são necessários.
Pressão internacional pela aceitação
O chanceler do Egito, Badr Abdelatty, afirmou em Paris que há “muitos pontos que precisam ser detalhados, especialmente sobre governança e segurança”. Ele reforçou, no entanto, que “apoiamos o plano de Trump e a visão de encerrar a guerra, precisamos avançar”.
A França também apelou pela aceitação imediata. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, descreveu a iniciativa como uma possível “luz no fim do túnel”.
Resistência interna e divisão palestina
Relatos da BBC indicam que Izz al-Din Haddad, líder de fato do Hamas em Gaza, resiste ao plano, considerando-o um projeto para eliminar o movimento. Segundo a emissora, Haddad estaria disposto a continuar a luta contra Israel, independentemente do resultado das negociações. Paralelamente, um alto funcionário do Hamas disse à agência Associated Press que “alguns pontos são inaceitáveis e precisam ser emendados”, sem detalhar quais.
O grupo também informou que consultará outras facções palestinas antes de formalizar sua resposta. A Jihad Islâmica Palestina, que havia rejeitado a proposta, sinalizou nesta semana abertura para discutir mudanças específicas, como um cronograma claro para a retirada israelense vinculado à libertação de reféns.
Apoio do Catar e contatos diplomáticos
O emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad al-Thani, conversou por telefone com Trump para reforçar o apoio de Doha ao plano. Segundo comunicado oficial, o líder catariano expressou confiança de que as negociações podem resultar em um acordo que garanta segurança regional e proteja os direitos palestinos.
Egito, Catar e Turquia mantêm papel ativo como mediadores. Um diplomata árabe envolvido nas tratativas disse ao The Times of Israel que esses países ficaram insatisfeitos com as alterações introduzidas por Netanyahu e avaliam que “há muitas lacunas a serem preenchidas”.
Perspectivas
O cenário segue incerto: de um lado, pressões internacionais e árabes para que o Hamas aceite a proposta; de outro, resistências internas no movimento e o temor de que o plano signifique o fim de sua presença política e militar em Gaza. O prazo dado por Trump para uma resposta expira em poucos dias, e a comunidade internacional observa com atenção o próximo passo das negociações.