Plano de Trump para Gaza legitima o genocídio palestino, diz Fepal
Federação Árabe Palestina do Brasil denuncia proposta dos EUA como ofensiva ao direito internacional e prêmio à violência em Gaza
247 - A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) divulgou nesta quinta-feira (2) uma dura nota de repúdio ao plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar o conflito na Faixa de Gaza. Segundo a entidade, a iniciativa representa uma “distopia colonial” que premia Israel pelo extermínio de palestinos e envia ao mundo a mensagem de que “genocídio compensa”.
O texto, publicado originalmente no site da Fepal, afirma que a medida foi elaborada em parceria entre o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, acusado de crimes de guerra no cenário internacional. A federação ressalta que o plano não oferece uma solução justa ou duradoura, mas sim aprofunda a ocupação ilegal e mantém o bloqueio a Gaza.
Denúncia contra os Estados Unidos e Israel
Na avaliação da Fepal, os Estados Unidos “não têm legitimidade para conduzir um processo de paz na Palestina”, uma vez que figuram como os principais financiadores do que chamam de “Holocausto Palestino”. A nota denuncia que tanto republicanos quanto democratas em Washington seriam corresponsáveis pelas políticas de extermínio, utilizando Israel como braço estratégico no Oriente Médio.
A entidade destaca ainda que líderes como Joe Biden e Donald Trump deveriam responder, ao lado de Netanyahu, perante o Tribunal Penal Internacional, em vez de apresentarem propostas que normalizam violações de direitos humanos.
Reabilitação de Tony Blair
Outro ponto que gerou indignação foi a participação de Tony Blair no projeto, descrito como uma tentativa de reabilitar a imagem do ex-primeiro-ministro britânico, associado à Guerra do Iraque. Para a Fepal, a indicação de Blair a um cargo de “governador das ruínas de Gaza” simboliza o desprezo às vítimas e reforça o caráter distópico da proposta.
Condições desumanas e ausência de voz palestina
De acordo com a federação, o plano não contempla sequer medidas emergenciais, como a garantia de fluxo adequado de ajuda humanitária. Palestinos, segundo o documento, continuariam submetidos à fome, destruição e condições subumanas sob uma administração imposta, sem qualquer consulta ou participação de suas lideranças.
“Resta ao povo palestino escolher entre a capitulação ou o extermínio total”, denuncia a nota, classificando o projeto como “um insulto ao direito internacional e à humanidade básica”.
Precedente perigoso no cenário internacional
A Fepal alerta que o plano abre um “precedente histórico macabro”: ao premiar Israel pelo uso da fome como arma de guerra, institucionaliza a prática de genocídio como instrumento diplomático. Para a entidade, a comunidade internacional precisa se posicionar sobre a legitimidade de uma proposta baseada na chantagem e na aniquilação da vida.
O comunicado conclui afirmando que o plano de Trump não pavimenta qualquer caminho para a paz, mas sim para uma nova etapa de violência e destruição na Palestina, reforçando que a luta por uma solução justa continua sendo uma demanda urgente e inegociável.
Leia a nota na íntegra:
O escandaloso “Plano de Trump”, feito a quatro mãos com o foragido internacional por crimes de guerra e lesa-humanindade, o genocida Netanyahu, para “acabar com a guerra” em Gaza é uma distopia colonial que despreza e humilha palestinos, tenta varrer para debaixo do tapete o maior crime cometido contra a humanidade no milênio, premia “israel” por exterminar crianças de fome e diz ao mundo que genocídio compensa. Uma vez que essa obscenidade é apresentada pela imprensa comercial do “ocidente” como um “plano de paz”, cabe a esta Federação, novamente, oferecer algo além da tradicional propaganda genocida regurgitada pela mídia à sociedade brasileira.
O primeiro — e óbvio — ponto a ser comentado é o fato de que os EUA, os maiores assassinos da história da humanidade, não têm nenhuma legitimidade para participar ou conduzir um “processo de paz” na Palestina. Os gângsters de Washington, democratas e republicanos, são os verdadeiros mandantes e financiadores do Holocausto Palestino, sendo “israel” nada mais do que um poodle raivoso dos estadunidenses para promover suas guerras de extermínio no Oriente Médio. A única participação que as lideranças políticas e militares dos EUA, tanto o açougueiro Biden quanto o plantonista a administrar o extermínio, Trump, deveriam ter na resolução do genocídio em Gaza é fazer companhia a Netanyahu no banco dos réus do Tribunal Penal Internacional.
Por falar em criminosos de guerra, poucas coisas são mais reveladoras sobre a depravação do “Plano de Trump” do que a reabilitação de Tony Blair, um dos maiores assassinos do século, para a distópica função de governador das ruínas de Gaza. Nem o mais criativo dos roteiristas de uma ficção científica poderia imaginar o retorno do açougueiro de Bagdá no papel de príncipe regente da paisagem pós-apocalíptica de Gaza. Por outro lado, realmente é difícil pensar em outros candidatos tão “qualificados” e de rebaixamento moral tão subterrâneo que poderiam aceitar tal função.
Ao invés de oferecer uma perspectiva real para uma solução política justa e duradoura para Questão Palestina, o “Plano de Trump” aprofunda a ocupação ilegal da Palestina, mantém Gaza sob o bloqueio genocidário israelense, restando aos palestinos passarem as próximas décadas tentando retirar seus familiares dos escombros sob uma administração de fome e condições subumanas. Um insulto às premissas mais elementares do direito internacional e do senso mais básico de humanidade.
Trump se coloca como “soberano de Gaza” não para realizar sua vulgar e egóica ambição por um Nobel da Paz ou necessariamente construir sua “riviera” no enclave palestino, mas para supervisionar o apagamento de provas do genocídio, blindar “israel” e os perpetradores da maior matança propocional da história de responderem pelo Holocausto Palestino nos tribunais internacionais e conduzir o processo de despalestinazação de Gaza e de toda a Palestina Histórica, este o objetivo original do projeto sionista “do Rio ao Mar”.
Em última análise, Trump está premiando “israel” pelo uso da fome como arma de guerra, um crime de lesa-humanidade, e abrindo um precedente histórico macabro e perturbador: cometer genocídio, aniquilar uma sociedade inteira e matar crianças de fome compensa. Afinal, o que há para negociar sob a perspectiva palestina? O que é oferecido ao povo palestino na costura desse “acordo”, do qual nenhum palestino tomou parte ou foi consultado? Capitulação ou extermínio total?
Os dispositivos do tal plano não dão conta nem de resolver questões urgentes como o fluxo de ajuda humanitária à população palestina sob o extermínio pela fome há dois anos! Que dirá oferecer garantias reais de que “israel” não retomará a orgia genocidária em Gaza quando “der na telha” ou permitir a reconstrução do enclave palestino. O plano soterra qualquer prognóstico de uma resolução para a questão palestina nos termos do que é consenso na comunidade internacional. Mais do que isso, prepara as bases para a nova etapa do Holocausto Palestino.
Por fim, ao contrário do que diz a propaganda sionista papagaiada na imprensa comercial, não está nas mãos “do Hamas” e do conjunto de forças palestinas aceitar ou não a imoral “proposta” de Trump e de “israel”, mas sim ao mundo confirmar se permitirá que a chantagem do extermínio de pessoas pela fome seja transformada em “moeda de negociação”, que a aniquilação da vida seja tornada “instrumento de diplomacia” e que genocídio, o crime dos crimes, compensa.
Palestina Livre a Partir do Brasil, 1 de outubro de 2025, 78º ano da Nakba.