Google enfrenta pedido de desmembramento no setor de anúncios
Procuradores dos EUA pedem que Alphabet se desfaça de parte dos negócios de publicidade digital para reduzir monopólio
247 - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos intensificou, nesta segunda-feira (22), sua ofensiva contra o domínio da Google no mercado de publicidade digital. Promotores federais solicitaram à Justiça que a Alphabet, controladora da gigante tecnológica, seja obrigada a se desfazer do principal sistema de leilão de anúncios online e a promover a venda gradual das ferramentas usadas por editores para comercializar espaços publicitários. As informações são do Financial Times.
A medida marca o início da fase de ações corretivas do processo antitruste — etapa em que o tribunal decide quais punições ou obrigações devem ser impostas à empresa para restaurar a concorrência no setor —, após a juíza Leonie Brinkema decidir, em abril, que a Google havia ‘deliberadamente’ monopolizado segmentos estratégicos da publicidade digital.Acusações de monopólio e impacto no mercado
Segundo os promotores, a concentração permitiu à Google controlar preços, limitar concorrentes e manter clientes presos a seus sistemas. “Estamos colocando nossas palavras em ação ao enfrentar a Big Tech e a Big Law para liberar a concorrência na publicidade aberta da web”, escreveu em rede social Gail Slater, chefe da divisão antitruste do Departamento de Justiça.
O setor em disputa representa uma das principais fontes de receita da Google: mais de US$ 50 bilhões em publicidade ligada ao buscador a cada trimestre, que financiam projetos como o laboratório de inteligência artificial DeepMind e os táxis autônomos da Waymo.
Defesa da empresa e propostas alternativas
A defesa da Google considera a proposta uma medida sem precedentes. “O plano do Departamento de Justiça é um exagero dramático, imprudente, incerto e sem precedentes, que prejudicaria os consumidores”, afirmou a advogada Karen Dunn. A empresa apresentou alternativas de caráter “comportamental”, como o compartilhamento de dados de lances do seu sistema de anúncios com rivais, o que, segundo Dunn, permitiria “aos concorrentes competir, gerar receita e crescer”.
A executiva também citou os avanços em inteligência artificial, sugerindo que a rápida evolução tecnológica poderia tornar obsoletas as soluções propostas pelo governo. No entanto, testemunhas convocadas pelos promotores contestaram esse argumento.
Críticas ao modelo atual e falhas das soluções propostas
Grant Whitmore, executivo do grupo editorial Advance Local, afirmou em juízo que os remédios comportamentais não seriam suficientes, já que editores ainda seriam forçados a recorrer a outros serviços da Google para acessar a demanda publicitária. Ele classificou o sistema como “opaco” e uma verdadeira “caixa-preta”. Para ele, “a Google tem tido um poder de mercado desproporcional devido à sua força em cada aspecto da monetização digital”.
Paralelamente, a empresa enfrenta outro processo antitruste em Washington, que acusa o buscador de pagar bilhões a companhias como a Apple para ser o provedor padrão de pesquisas. Embora o juiz Amit Mehta tenha considerado a prática monopolista, ele rejeitou obrigar a venda do navegador Chrome, limitando-se a proibir contratos exclusivos e obrigar a Google a compartilhar mais dados com concorrentes.