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Google enfrenta pedido de desmembramento no setor de anúncios

Procuradores dos EUA pedem que Alphabet se desfaça de parte dos negócios de publicidade digital para reduzir monopólio

Um logotipo do Google é visto em uma instalação de pesquisa da empresa em Mountain View, Califórnia, EUA, em 13 de maio de 2025

247 - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos intensificou, nesta segunda-feira (22), sua ofensiva contra o domínio da Google no mercado de publicidade digital. Promotores federais solicitaram à Justiça que a Alphabet, controladora da gigante tecnológica, seja obrigada a se desfazer do principal sistema de leilão de anúncios online e a promover a venda gradual das ferramentas usadas por editores para comercializar espaços publicitários. As informações são do Financial Times.

A medida marca o início da fase de ações corretivas do processo antitruste — etapa em que o tribunal decide quais punições ou obrigações devem ser impostas à empresa para restaurar a concorrência no setor —, após a juíza Leonie Brinkema decidir, em abril, que a Google havia ‘deliberadamente’ monopolizado segmentos estratégicos da publicidade digital.Acusações de monopólio e impacto no mercado

Segundo os promotores, a concentração permitiu à Google controlar preços, limitar concorrentes e manter clientes presos a seus sistemas. “Estamos colocando nossas palavras em ação ao enfrentar a Big Tech e a Big Law para liberar a concorrência na publicidade aberta da web”, escreveu em rede social Gail Slater, chefe da divisão antitruste do Departamento de Justiça.

O setor em disputa representa uma das principais fontes de receita da Google: mais de US$ 50 bilhões em publicidade ligada ao buscador a cada trimestre, que financiam projetos como o laboratório de inteligência artificial DeepMind e os táxis autônomos da Waymo.

Defesa da empresa e propostas alternativas

A defesa da Google considera a proposta uma medida sem precedentes. “O plano do Departamento de Justiça é um exagero dramático, imprudente, incerto e sem precedentes, que prejudicaria os consumidores”, afirmou a advogada Karen Dunn. A empresa apresentou alternativas de caráter “comportamental”, como o compartilhamento de dados de lances do seu sistema de anúncios com rivais, o que, segundo Dunn, permitiria “aos concorrentes competir, gerar receita e crescer”.

A executiva também citou os avanços em inteligência artificial, sugerindo que a rápida evolução tecnológica poderia tornar obsoletas as soluções propostas pelo governo. No entanto, testemunhas convocadas pelos promotores contestaram esse argumento.

Críticas ao modelo atual e falhas das soluções propostas

Grant Whitmore, executivo do grupo editorial Advance Local, afirmou em juízo que os remédios comportamentais não seriam suficientes, já que editores ainda seriam forçados a recorrer a outros serviços da Google para acessar a demanda publicitária. Ele classificou o sistema como “opaco” e uma verdadeira “caixa-preta”. Para ele, “a Google tem tido um poder de mercado desproporcional devido à sua força em cada aspecto da monetização digital”.

Paralelamente, a empresa enfrenta outro processo antitruste em Washington, que acusa o buscador de pagar bilhões a companhias como a Apple para ser o provedor padrão de pesquisas. Embora o juiz Amit Mehta tenha considerado a prática monopolista, ele rejeitou obrigar a venda do navegador Chrome, limitando-se a proibir contratos exclusivos e obrigar a Google a compartilhar mais dados com concorrentes.

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