França reconhece Estado Palestino em cúpula da ONU
Emmanuel Macron anuncia decisão “para preservar possibilidade de solução de dois Estados” em meio ao massacre em Gaza, que já deixou mais de 65 mil mortos
247 - A França reconheceu oficialmente o Estado da Palestina nesta segunda-feira (22), durante uma cúpula mundial nas Nações Unidas, em Nova York, tornando-se mais um influente país a aderir à onda de reconhecimentos que já inclui Austrália, Reino Unido, Canadá, Portugal e Malta, entre outros. Segundo reportou a agência Reuters, o anúncio foi feito pelo presidente francês, Emmanuel Macron, anfitrião do encontro organizado em parceria com a Arábia Saudita.
"Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para preservar a possibilidade de uma solução de dois Estados, com Israel e Palestina vivendo lado a lado em paz e segurança. A França reconhece o Estado da Palestina", disse Macron, sob aplausos no início da sessão de três horas.
A decisão ocorre quase dois anos após o início do massacre israelense em Gaza, que já matou mais de 65 mil palestinos, segundo autoridades de saúde locais. Israel, governado hoje pelo gabinete mais extremista de sua história, segue rejeitando qualquer possibilidade de um Estado palestino e mantém ataques sistemáticos contra a população civil, classificados por juristas e organizações de direitos humanos como limpeza étnica e crimes de genocídio.
A cúpula francesa impulsiona o movimento de reconhecimento que ganhou força neste fim de semana, quando Austrália, Reino Unido, Canadá e Portugal também declararam apoio oficial à independência palestina. Andorra, Bélgica, Luxemburgo e San Marino devem anunciar decisões semelhantes ainda nesta semana, antes do início da Assembleia Geral da ONU.
Apesar da força simbólica, a medida não altera imediatamente a realidade no terreno, pois a Palestina continua com status de observador nas Nações Unidas, sem direito a voto. Para obter plena adesão ao organismo, seria necessária a aprovação do Conselho de Segurança — onde os Estados Unidos detêm poder de veto e já sinalizaram oposição.
Washington e Tel Aviv boicotaram a reunião em Nova York. O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, disse que “essas questões deveriam ser negociadas entre Israel e os palestinos no futuro” e prometeu que seu governo discutirá “ações de resposta” após o retorno do premiê Benjamin Netanyahu a Israel.


