Netanyahu ameaça retaliar países que reconheceram Estado palestino
Primeiro-ministro israelense chamou a decisão de “prêmio ao terrorismo” e disse que não haverá Estado palestino a oeste do rio Jordão
247 – O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que haverá uma resposta contra os países que reconheceram oficialmente o Estado da Palestina. As declarações foram feitas em um vídeo divulgado por sua assessoria e repercutiram em reportagens da Associated Press, CNN e Reuters, segundo registrou o Global Times.
As ameaças acontecem em meio ao genocídio em curso na Faixa de Gaza, já reconhecido pelas Nações Unidas, onde Israel assassinou mais de 60 mil palestinos desde o início da ofensiva militar — a maioria mulheres e crianças.
“Vocês estão dando um enorme prêmio ao terrorismo”, disse Netanyahu em mensagem gravada. “E tenho outro recado para vocês: isso não acontecerá. Não haverá Estado palestino a oeste do rio Jordão. Durante anos, tenho impedido a criação desse Estado terrorista apesar de imensas pressões, tanto internas quanto internacionais. Fizemos isso com determinação e com sabedoria diplomática.”
Ameaças e endurecimento da política israelense
No vídeo, Netanyahu destacou que seu governo intensificou a expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada — referida por ele como Judéia e Samaria — e que essa estratégia continuará. “Duplicamos os assentamentos judaicos na Judéia e Samaria e seguiremos nesse caminho. A resposta à mais recente tentativa de impor um Estado terrorista no coração da nossa terra será dada após meu retorno dos Estados Unidos. Esperem por isso”, declarou.
De acordo com a CNN, Netanyahu afirmou que Israel vai lutar nas Nações Unidas e em outros fóruns internacionais “contra a propaganda caluniosa dirigida contra nós” e contra a criação de um Estado palestino, o qual, segundo ele, “colocará em risco nossa existência e constituirá um prêmio absurdo ao terrorismo”.
O premiê ainda prometeu que “a comunidade internacional ouvirá de nós sobre este assunto nos próximos dias”, numa possível referência a discussões internas sobre a anexação de partes adicionais da Cisjordânia ocupada.
Reconhecimento internacional da Palestina
A decisão de países ocidentais de reconhecer oficialmente a Palestina desencadeou a reação agressiva de Netanyahu. No último domingo, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal anunciaram o reconhecimento do Estado palestino, alinhando-se a mais de 140 nações que já apoiam a criação de um território independente a partir das áreas atualmente ocupadas por Israel.
Segundo a Reuters, o movimento foi impulsionado pela insatisfação internacional com a guerra em Gaza e pela intenção de reforçar a proposta de uma solução de dois Estados. A decisão britânica, em especial, teve forte peso simbólico devido ao papel histórico do Reino Unido na criação do Estado de Israel após a Segunda Guerra Mundial.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, justificou o reconhecimento afirmando que “a crise humanitária provocada pelo homem em Gaza atinge novas profundezas. O bombardeio incessante e cada vez mais intenso do governo israelense, a ofensiva das últimas semanas, a fome e a devastação são absolutamente intoleráveis”.
Impasse prolongado
O anúncio dos quatro países ocidentais expõe o crescente isolamento diplomático de Israel em meio à guerra contra Gaza e às denúncias de crimes de guerra. A posição de Netanyahu, no entanto, reforça a continuidade de uma política de confronto e rejeição às propostas internacionais para a criação de um Estado palestino viável.