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Lula leva à ONU agenda de soberania, Gaza e democracia, em contraste com Trump

Presidente brasileiro terá série de compromissos em Nova York que destacam pautas opostas às do presidente dos EUA

Presidente Lula discursa na abertura da 79a Assembleia Geral da ONU (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia nesta segunda-feira (22) uma intensa agenda em Nova York, marcada por temas que contrastam com as posições defendidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o jornal O Globo, Lula participará de encontros sobre a crise humanitária em Gaza, de um evento internacional sobre democracia e, sobretudo, da abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira (23).

A expectativa é que o discurso do presidente brasileiro na ONU reforce a defesa da soberania, a crítica às sanções unilaterais e a cobrança por compromissos climáticos, em meio ao período mais delicado das relações entre Brasil e EUA em mais de dois séculos. O encontro poderá colocar Lula e Trump frente a frente: como manda a tradição, o Brasil abre os trabalhos, seguido pelos Estados Unidos.

Discurso cauteloso, mas com recados

Fontes do governo informaram que o discurso de Lula foi preparado para evitar um confronto direto com Trump, embora deva conter mensagens críticas ao uso de tarifas, sanções e pressões políticas como instrumentos de política externa.

A viagem ocorre logo após novas ameaças de retaliação de Washington. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou que a resposta dos EUA à condenação de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) será conhecida nesta semana. O governo Trump considera o processo uma “caça às bruxas” e chegou a impor sanções contra autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes.

Popularidade e respaldo público

Apesar de enfrentar índices de reprovação de 51% em seu terceiro mandato, Lula tem encontrado respaldo popular diante das medidas adotadas por Trump. Pesquisa Genial/Quaest divulgada na última semana mostrou que 64% dos brasileiros aprovam a defesa da soberania feita pelo Planalto diante da crise com os Estados Unidos.

No discurso, Lula deve enfatizar que o Brasil respeita o multilateralismo e condena ameaças econômicas ou militares como formas de pressão. O presidente também pretende reforçar o convite à comunidade internacional para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA).

Gaza, clima e paz

Antes de subir à tribuna da ONU, Lula participa nesta segunda de um debate sobre a criação de dois Estados, Israel e Palestina, iniciativa apoiada por França e Arábia Saudita. O encontro contrasta diretamente com a política de Trump, que tem dado suporte às ofensivas israelenses contra Gaza.

Na Assembleia, Lula também deve reiterar críticas ao genocídio do povo palestino e defender a negociação de um acordo de paz para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia. Outros pontos centrais serão a reforma do Conselho de Segurança da ONU, a luta contra a fome e a pobreza e a transição energética.

Evento em defesa da democracia

Outro momento de destaque na passagem de Lula por Nova York será sua participação, na quarta-feira (24), como co-presidente do evento “Em Defesa da Democracia: Combatendo os Extremismos”, ao lado de líderes como Pedro Sánchez (Espanha), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia) e Luis Lacalle Pou (Uruguai).

Na primeira edição do encontro, realizada no Chile em julho, Lula já havia mandado um recado indireto a Trump: “A democracia está perdendo espaço, não para o socialismo, mas para a extrema direita, com comportamento nazista, fascista, que não respeita a relação civilizada entre os iguais e desiguais”, declarou.

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