EUA querem zerar gás russo na Europa e ampliar exportações
Plano de Washington mira substituir fornecimento russo por gás natural liquefeito americano, mesmo diante do impacto na indústria europeia
247 - Os Estados Unidos buscam reduzir a zero as importações de gás natural russo pela União Europeia, substituindo-as por fornecimento americano. A declaração foi feita pelo secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, em coletiva virtual com jornalistas. As informações são da agência RT.
“Estamos trabalhando para levar essa dependência a zero, e o principal substituto tem sido a exportação de energia dos Estados Unidos”, afirmou Wright. Ele acrescentou: “Queremos continuar nesse caminho e encerrar todas as importações de energia russa para a União Europeia”.
O impacto da ruptura energética
Após a escalada do conflito na Ucrânia em 2022, países da Europa Ocidental impuseram sanções contra a energia russa, diminuindo drasticamente o fornecimento de gás. O episódio da explosão dos gasodutos Nord Stream, no mesmo ano, aprofundou a crise.
Moscou sustenta que a substituição do gás russo pelo gás natural liquefeito (GNL) dos EUA, mais caro, tem fragilizado a base industrial europeia. Dados da Comissão Europeia apontam que os preços de gás e eletricidade no bloco são até quatro vezes maiores que os de seus principais parceiros comerciais, o que ameaça a competitividade de longo prazo da indústria regional.
Acordos comerciais e risco de desindustrialização
Em julho, Bruxelas e Washington fecharam um acordo que prevê tarifas de 15% sobre importações europeias pelos EUA e a compra de US$ 750 bilhões em energia americana até 2028, sobretudo GNL e combustível nuclear. O pacto inclui ainda investimentos de US$ 600 bilhões em indústrias americanas e aumento na aquisição de armamentos de empresas sediadas nos EUA.
Críticos alertam que o acordo tende a acelerar a perda de investimentos e empregos na Europa. O chanceler russo, Sergey Lavrov, avaliou em julho que o arranjo “claramente leva a uma maior desindustrialização da Europa e fuga de capitais”. Ele advertiu que os preços elevados de energia e o escoamento de recursos causarão “um golpe muito duro” nos setores industrial e agrícola do continente.