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      EUA e Rússia discutem acordos de energia em paralelo às negociações de paz na Ucrânia

      Conversas incluíram possível retorno da Exxon Mobil ao projeto Sakhalin-1 e compra de equipamentos dos EUA por Moscou, segundo fontes citadas pela Reuters

      Vladimir Putin e Donald Trump - 15 de agosto de 2025 (Foto: Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Funcionários dos governos dos Estados Unidos e da Rússia discutiram diversos acordos energéticos à margem das negociações de paz sobre a Ucrânia realizadas neste mês. A informação foi revelada por cinco fontes ouvidas pela agência Reuters, que acompanharam as tratativas. As conversas giraram em torno de incentivos econômicos que poderiam levar Moscou a avançar em um acordo e, em contrapartida, abrir espaço para Washington flexibilizar sanções impostas desde a invasão russa em fevereiro de 2022.

      De acordo com a reportagem, entre os pontos abordados esteve a possibilidade de a Exxon Mobil voltar ao projeto Sakhalin-1, no extremo leste russo. A petroleira norte-americana abandonou suas operações no país em 2022, registrando um prejuízo de US$ 4,6 bilhões após ter sua participação de 30% confiscada pelo Kremlin. Além disso, também foi discutida a hipótese de Moscou adquirir equipamentos dos EUA para projetos de gás natural liquefeito (GNL), incluindo o Arctic LNG 2, que sofre sanções ocidentais desde 2022.

      Outro ponto levantado foi a ideia de os Estados Unidos comprarem da Rússia navios quebra-gelo movidos a energia nuclear, segundo fontes citadas pela Reuters. As conversas ocorreram durante a visita do enviado norte-americano Steve Witkoff a Moscou, quando ele se reuniu com o presidente Vladimir Putin e o representante de investimentos Kirill Dmitriev. Parte dos tópicos também foi discutida dentro da Casa Branca, em encontros com o presidente norte-americano Donald Trump.

      Uma das fontes ouvidas afirmou: “A Casa Branca realmente queria divulgar uma manchete após a cúpula do Alasca, anunciando um grande acordo de investimento. É assim que Trump sente que alcançou algo”. As discussões foram retomadas também no encontro realizado no Alasca, em 15 de agosto.

      Pressões e ameaças de sanções

      O presidente Donald Trump tem mantido a estratégia de pressionar Moscou, ao mesmo tempo em que mantém a retórica de buscar um acordo. Ele já ameaçou impor novas sanções à Rússia caso não haja avanço nas negociações e sinalizou tarifas mais duras contra a Índia, um dos principais compradores do petróleo russo. Caso aplicadas, essas medidas poderiam comprometer o volume das exportações de energia de Moscou.

      Washington também estaria tentando incentivar a Rússia a adquirir tecnologia dos EUA em vez de depender de fornecedores chineses, como parte de uma estratégia mais ampla para enfraquecer os laços entre Moscou e Pequim. A China é hoje considerada a principal aliada estratégica da Rússia e firmou com Putin um pacto de “parceria sem limites” pouco antes do início da guerra.

      Exxon, Rosneft e Novatek evitam comentários

      A Exxon Mobil e o porta-voz de Kirill Dmitriev se recusaram a comentar as informações, enquanto as gigantes russas Rosneft e Novatek não responderam aos pedidos feitos pela agência. O Arctic LNG 2, controlado pela Novatek, retomou parcialmente sua produção em abril deste ano, mas segue limitado devido às dificuldades de exportação impostas pelas sanções.

      O contexto das negociações revela a tentativa do governo Trump de transformar conversas de paz em oportunidades de barganha política e econômica. Apesar das ameaças de endurecimento, o presidente norte-americano tem explorado possíveis concessões comerciais como forma de pressionar Moscou a dar sinais concretos de trégua no conflito.

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