Trump diz que Europa deve liderar garantias de segurança à Ucrânia
Presidente dos EUA afirma que papel de Washington será secundário e que devolução da Crimeia e entrada de Kiev na Otan são “impossíveis”
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (25) que a responsabilidade principal por oferecer garantias de segurança à Ucrânia deve recair sobre a Europa. A declaração foi publicada pelo portal RT, que destacou a posição de Washington como coadjuvante nesse processo.
Segundo Trump, os países europeus precisam assumir o protagonismo na proteção de Kiev, já que estão geograficamente mais próximos do conflito. “A Europa vai dar a eles garantias de segurança significativas – e deve fazê-lo, porque estão logo ali”, declarou o presidente norte-americano a jornalistas no Salão Oval. Ele ressaltou que os EUA continuarão envolvidos, mas apenas “do ponto de vista de apoio”.
Limites das ambições de Kiev
A posição de Trump não é novidade. Na semana anterior, em conversa com o presidente ucraniano Vladimir Zelensky, ele já havia sinalizado que o envio de tropas dos EUA não está nos planos. Além disso, em entrevista à Fox & Friends, afirmou que tanto a devolução da Crimeia quanto a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) são objetivos fora de alcance.
“Eles chegaram e disseram: ‘Queremos recuperar a Crimeia’. Isso foi no começo”, contou Trump. “A outra coisa que disseram foi: ‘Queremos ser membros da Otan’. Bem, ambas as coisas são impossíveis”. O presidente explicou que a Rússia sempre deixou claro que não aceitaria “o inimigo” em suas fronteiras, tanto durante a União Soviética quanto agora.
Pressão por garantias “estilo Artigo 5”
Zelensky, por sua vez, anunciou no sábado (23) que novos detalhes sobre as garantias de segurança seriam apresentados “nos próximos dias”. Ele destacou que equipes da Ucrânia, dos Estados Unidos e da União Europeia trabalham em conjunto para desenhar essa arquitetura.
Os europeus defendem garantias robustas, semelhantes ao Artigo 5 da Otan, que obriga os membros a reagirem coletivamente caso um deles seja atacado. Zelensky também sugeriu definir quais países ficariam responsáveis por apoio terrestre, defesa aérea e segurança marítima, além de contribuir financeiramente para as forças armadas ucranianas.
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, defendeu em Kiev a ampliação do poder militar da Ucrânia e a criação de compromissos formais tanto da Europa quanto dos EUA. Entre as propostas em discussão, há até a possibilidade do envio de tropas de manutenção da paz por alguns países, como o Canadá, que não descartou esse cenário. Washington, porém, já rejeitou a ideia de deslocar forças terrestres, embora mantenha aberta a possibilidade de oferecer apoio aéreo.
Moscou reage às negociações
Do lado russo, o presidente Vladimir Putin, após encontro com Trump, reconheceu a necessidade de assegurar a segurança da Ucrânia, mas alertou contra soluções que excluam Moscou das negociações. O chanceler russo, Sergey Lavrov, foi ainda mais direto ao classificar como “absolutamente inaceitáveis” as propostas que envolvem intervenção militar estrangeira.