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      Embaixada dos EUA diz a empresários que o país está de olho em minerais críticos do Brasil

      A mensagem foi enviada ao setor de mineração brasileiro em um contexto de guerra comercial lançada pelo governo Trump contra as exportações brasileiras

      Instalações de mineração de lítio no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais (Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG)
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      247 - O governo do presidente norte-americano, Donald Trump, está interessado em fazer acordos com o Brasil para a aquisição dos chamados minerais críticos e estratégicos, como nióbio, lítio e terras raras. O encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar, enviou o recado a integrantes do setor de mineração brasileiro, nesta quarta-feira (24). Ele é o principal representante dos EUA em Brasília, já que a representação americana no país está sem embaixador.

      A mensagem foi enviada ao setor de mineração brasileiro em um contexto no qual o presidente Donald Trump anunciou um tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras, previsto para entrar em vigor no próximo dia 1º de agosto. 

      De acordo com informações publicadas no jornal O Globo, o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, afirmou que a decisão sobre os interesses dos EUA na mineração brasileira deve ser do governo federal, e não dos empresários do setor. Os minerais são bens da União. “Foi demonstrado o interesse dos EUA nos chamados minerais críticos e estratégicos, mas deixamos claro que cabe ao governo decidir”, disse.

      Como justificativa para o início da guerra comercial, o presidente Trump citou o inquérito da trama golpista contra Jair Bolsonaro, que é réu na investigação, cumpre medidas cautelares e corre sério risco de ser preso.

      Ao saber do interesse dos EUA nos minerais brasileiros, o presidente do Ibram levou o caso ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que faz negociações para evitar que as exportações brasileiras sejam prejudicadas pelo tarifaço. A embaixada dos EUA confirmou que o encarregado de Negócios Gabriel Escobar participou de um encontro com representantes do Ibram e que não divulga conteúdo de reuniões privadas.

      Estatísticas e o impacto do tarifaço

      Em 2024, o Brasil embarcou cerca de 400 milhões de toneladas de minérios para o exterior, alcançando um faturamento aproximado de US$ 43,4 bilhões (equivalente a R$ 250 bilhões). O saldo da balança comercial do setor mineral segue favorável ao país. Para efeito de comparação, no ano anterior, as exportações somaram pouco mais de 2 milhões de toneladas, com uma receita de US$ 6,3 bilhões (R$ 36,4 bilhões).

      Entre os principais compradores dos minérios brasileiros, destacam-se a China, que absorveu 24% das vendas, e a Alemanha, com 12% da participação. Em contrapartida, o Brasil importou, ao longo de 2024, cerca de 400 mil toneladas desses insumos minerais, desembolsando aproximadamente US$ 4,392 bilhões (R$ 25,3 bilhões).

      Segundo análise da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da FIEMG, a imposição de tarifas de 50% por Donald Trump sobre produtos brasileiros pode custar ao país até R$ 175 bilhões em perdas de longo prazo. O PIB nacional pode encolher 1,49%, com a eliminação de mais de 1,3 milhão de empregos.

      Em um cenário no qual o Brasil aplicasse tarifas equivalentes sobre importações dos EUA, os prejuízos seriam ainda maiores: queda de 2,21% no PIB (R$ 259 bilhões), redução de quase 2 milhões de vagas de trabalho, perda de R$ 36,18 bilhões em massa salarial e diminuição de R$ 7,21 bilhões na arrecadação tributária.

      Os Estados Unidos são o segundo maior comprador das exportações brasileiras, atrás apenas da China. Em 2024, as vendas para o mercado americano somaram US$ 40,4 bilhões (equivalente a 1,8% do PIB), com destaque para:

      • Combustíveis minerais
      • Ferro e aço
      • Máquinas e equipamentos
      • Aeronaves
      • Café

      Por outro lado, o Brasil está entre os 10 principais destinos das exportações dos EUA, recebendo cerca de US$ 60 bilhões em produtos e serviços anualmente. A relação comercial sustenta:

      • 6.500 pequenas empresas americanas que dependem de insumos brasileiros.
      • 3.900 empresas dos EUA com investimentos diretos no Brasil.

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