TV 247 logo
      HOME > Mundo

      China aposta em chips nacionais de IA para o novo modelo da DeepSeek e desafia a Nvidia

      Fabricantes como Huawei, Cambricon e Moore Threads podem fornecer processadores para o V3.1, em meio às restrições dos Estados Unidos

      Imagem da bandeira da China com chip eletrônico (Foto: REUTERS/Ilustração/Florence Lo)
      Luis Mauro Filho avatar
      Conteúdo postado por:

      247 - A disputa global pelo controle da inteligência artificial ganhou novo capítulo após a startup chinesa DeepSeek, com sede em Hangzhou, sugerir em uma postagem no WeChat que chips nacionais de última geração serão lançados em breve. A notícia, publicada pelo South China Morning Post, reacendeu especulações sobre quais fabricantes locais podem estar por trás dessa nova leva de semicondutores voltados para IA, mesmo diante das restrições impostas pelos Estados Unidos.

      Entre as possíveis fornecedoras estão Huawei Technologies, Cambricon Technologies, Moore Threads, Hygon Information Technology e MetaX Integrated Circuits. O anúncio da DeepSeek destacou que a arquitetura do modelo “UE8M0 FP8 scale” foi projetada especificamente “para chips desenvolvidos na China a serem lançados em breve”, sem detalhar se os processadores servirão para treinar modelos ou para a etapa de inferência, quando a IA aplica o aprendizado adquirido.

      Aposta em chips domésticos e desafio à Nvidia

      Especialistas apontam que o movimento não se restringe a uma única empresa. “É provável que o novo modelo seja compatível com diferentes chips de IA, e não apenas com os da Huawei”, disse Liu Jie, engenheiro de uma desenvolvedora de GPUs em Xangai. Essa flexibilidade reforça a confiança na capacidade chinesa de superar as sanções dos EUA e consolidar uma indústria local robusta.

      Segundo Su Lian Jye, analista-chefe da consultoria Omdia, “a arquitetura foi especificamente desenhada para acomodar a lógica de hardware dos chips chineses, permitindo que o modelo rode de forma estável nessas plataformas”. Ele acrescentou que já existem processadores nacionais compatíveis com o formato FP8, como os da HiSilicon (Huawei), Cambricon, MetaX e Moore Threads.

      Huawei lidera corrida tecnológica

      A Huawei tem ampliado sua presença no setor, com chips como o Ascend 910D e sistemas como o CloudMatrix 384, composto por centenas de unidades de processamento neural e CPUs de alta performance. Paralelamente, a Cambricon atingiu produção em larga escala de seus chips Siyuan 690, enquanto a Moore Threads declarou publicamente que suas GPUs já suportam o padrão FP8, um dos formatos que aumentam a eficiência de treinamento ao reduzir o uso de memória em até 75%.

      Em meio a essa ofensiva, a Nvidia, líder global no fornecimento de GPUs, enfrenta crescente desconfiança das autoridades chinesas sobre a segurança de seus chips H20, amplamente usados no país. A pressão abre espaço para que fabricantes locais conquistem mercado e reduzam a dependência de tecnologias estrangeiras.

      Repercussão no mercado financeiro

      A especulação sobre os chips da DeepSeek teve efeito imediato na bolsa chinesa. As ações da Cambricon e da Hygon dispararam 20% na última sexta-feira, enquanto a Semiconductor Manufacturing International Corp (SMIC), principal fundição de chips da China e responsável pela produção dos processadores da Huawei, registrou alta de 10,1% em Hong Kong.

      Apesar do entusiasmo, analistas reconhecem que a transição da DeepSeek para chips chineses ainda enfrenta obstáculos. “A equipe sempre utilizou GPUs da Nvidia para desenvolver seus modelos, e a adaptação para chips locais trouxe dificuldades de estabilidade, velocidade de conexão e integração com o ecossistema de software”, afirmou Su Lian Jye.

      O avanço, no entanto, simboliza um passo estratégico da China em direção à soberania tecnológica no setor de inteligência artificial, reduzindo a vulnerabilidade às sanções impostas por Washington e desafiando a hegemonia da indústria norte-americana.

      Artigos Relacionados