Breno Altman cobra posicionamento de Lula sobre prisão de brasileiros em Israel
Jornalista pede que o presidente transforme o caso da Flotilha Global Sumud em uma questão de Estado, com ação diplomática mais firme
247 - O jornalista Breno Altman afirmou que a gravidade da prisão de ativistas da Flotilha Global Sumud por Israel exige um posicionamento direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu creio que a gravidade do assunto deveria levar o presidente da República a se pronunciar. O presidente Lula ainda não se pronunciou. Eu acho que a voz dele dá maior visibilidade e potência ao tema. Espero que isso venha a acontecer nas próximas horas”, declarou Altman durante o programa Bom Dia 247, da TV 247.
A fala de Altman ocorre após a deportação, confirmada nesta segunda-feira (6) por Tel Aviv, de 171 ativistas estrangeiros — entre eles a sueca Greta Thunberg — que integravam a flotilha humanitária interceptada por forças israelenses no Mediterrâneo.
Segundo Altman, a situação alcançou um patamar que exige mobilização internacional e ação mais contundente do governo brasileiro. “É necessária a máxima pressão internacional possível em torno desse tema. Israel não apenas deteve ilegalmente os ativistas, como há informações bastante sólidas de maus-tratos e até mesmo humilhações e torturas”, afirmou.
O jornalista destacou ainda que o silêncio do chefe de Estado pode ser interpretado como falta de prioridade a uma questão de dimensão humanitária. “Eu creio que a gravidade do tema obrigaria a um pronunciamento do próprio presidente da República. É um tema que tem transcendência internacional — milhões de pessoas foram às ruas nos últimos dias pela libertação dos ativistas da Flotilha Global Sumud — e creio que o patamar de pressão do Brasil não pode ficar no nível ministerial. Ele tem que ir para o nível presidencial. É necessário transformar isso numa questão de Estado, e somente quem pode fazer isso é o presidente”, completou.
A flotilha partiu de Barcelona, na Espanha, no dia 31 de agosto, levando cerca de 400 ativistas de mais de 45 países com o objetivo de romper o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde 2007 e entregar ajuda humanitária à população palestina. As embarcações foram interceptadas em 1º de outubro, em águas internacionais, e levadas para portos israelenses.
Entre os ativistas estavam 14 brasileiros, que seguem detidos em Israel. O governo israelense informou que os deportados são cidadãos de 18 países europeus e dos Estados Unidos, mas nenhum brasileiro foi incluído na lista. O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que todos os direitos legais dos participantes foram respeitados e negou denúncias de abusos.
Já as organizações de direitos humanos que acompanham o caso relatam uma série de violações. A entidade Adalah, que presta assistência jurídica aos detidos, denunciou que vários ativistas foram algemados, vendados e interrogados por pessoas não identificadas. Um dos relatos mais graves é o de uma mulher muçulmana obrigada a retirar o hijab e receber apenas uma camisa como substituto do véu islâmico.
Enquanto Israel classificou a ação como uma “operação de relações públicas com motivações políticas” e rotulou o grupo de “provocadores da flotilha Hamas-Sumud”, os organizadores da missão reiteram que a iniciativa é exclusivamente humanitária.
O caso segue provocando forte repercussão internacional e, segundo Breno Altman, exige que o Brasil amplifique sua resposta diplomática. “O patamar de pressão do Brasil não pode ficar apenas nos ministérios. É o presidente quem precisa dar o tom da resposta, porque isso já é uma questão de Estado”, concluiu o jornalista.