Alas ainda mais extremistas de Israel ameaçam romper com Netanyahu após negociação de cessar-fogo
Ministros da extrema direita Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich atacam primeiro-ministro por discutir cessar-fogo
247 – As alas mais radicais do governo israelense voltaram a ameaçar uma ruptura política em meio à devastação na Faixa de Gaza. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, declarou neste sábado (4) que seu partido deixará o governo caso o Hamas continue existindo após a libertação dos reféns israelenses. As informações são do jornal Haaretz.
Em um comunicado dirigido ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Ben-Gvir afirmou que “o objetivo central da guerra é garantir que a organização terrorista Hamas não possa continuar a existir. Ela deve ser destruída”. Segundo ele, o partido Otzma Yehudit (“Poder Judaico”) informou oficialmente a Netanyahu que “se, após a libertação de todos os reféns, o Hamas continuar existindo, Otzma Yehudit não será mais parte do governo”.
O ministro ainda afirmou que, embora queira ver os reféns libertados, “não pode de forma alguma concordar com um cenário em que a organização terrorista que causou o maior desastre ao Estado de Israel renasça”.
Crítica ao cessar-fogo e escalada genocida
As ameaças de Ben-Gvir e de seu aliado, o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, ocorrem justamente quando a comunidade internacional pressiona Israel a interromper os ataques que já mataram dezenas de milhares de palestinos, incluindo mulheres e crianças, e destruíram grande parte da infraestrutura civil de Gaza.
Smotrich criticou duramente Netanyahu por suspender a ofensiva em Gaza e por aceitar discutir um cessar-fogo, classificando a decisão como “um erro grave”. A posição revela o grau de radicalização dentro do governo israelense, onde ministros exigem a continuação de uma ofensiva que a ONU, organizações humanitárias e juristas internacionais já classificam como um genocídio em andamento.
Protestos em Israel e isolamento de Netanyahu
Enquanto os bombardeios seguem, milhares de israelenses continuam saindo às ruas exigindo um acordo para libertar os reféns e encerrar a guerra. Em manifestações em Jerusalém, cartazes compararam o fanatismo religioso de ministros como Ben-Gvir e Smotrich à indiferença pela vida humana. Um dos cartazes dizia: “O Messias vs. cidadãos israelenses vivos”, numa crítica direta ao extremismo ideológico que domina o governo.
A divisão interna expõe o enfraquecimento de Netanyahu, que tenta equilibrar sua sobrevivência política com a crescente indignação mundial diante das atrocidades cometidas em Gaza. Sob seu comando, Israel tem promovido bombardeios sistemáticos contra áreas civis, hospitais, escolas e campos de refugiados, alegando combater o Hamas, mas atingindo principalmente a população civil.
Um governo refém da extrema direita
As ameaças de ruptura feitas por Ben-Gvir e Smotrich mostram que Netanyahu tornou-se refém das forças mais extremistas de seu governo. Em vez de buscar a paz e a libertação dos reféns por meio do diálogo, os ministros pressionam por uma “vitória total” que só tem ampliado o sofrimento de milhões de palestinos e o isolamento diplomático de Israel.
Enquanto isso, cresce no mundo o clamor por responsabilização internacional diante das evidências de crimes de guerra e de práticas genocidas cometidas pelo Exército israelense. As declarações dos ministros extremistas, longe de representar força política, expõem o colapso moral de um governo que insiste em transformar o sofrimento humano em instrumento de poder.