Acordo comercial com o Japão é visto como ameaça à indústria automobilística dos EUA
Montadoras japonesas ganham vantagem com tarifas reduzidas, enquanto Ford e GM enfrentam desvantagens nas importações vindas do México
247 - O novo acordo comercial firmado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o Japão, é visto como um duro golpe para a indústria automobilística norte-americana. Embora Trump tenha apresentado a medida como uma vitória econômica, o pacto favorece diretamente as montadoras japonesas e prejudica empresas como Ford e General Motors (GM), que mantêm unidades produtivas no México e no Canadá.
“O Japão investirá, sob minha orientação, US$ 550 bilhões nos Estados Unidos. Este acordo criará centenas de milhares de empregos”, afirmou Trump em publicação na rede Truth Social. Ele também declarou que o Japão passará a pagar tarifas recíprocas de 15% aos EUA.
Contudo, segundo pessoas familiarizadas com o conteúdo do tratado, a tarifa de 15% também se aplica a veículos e peças automotivas. Isso significa que importar carros do Japão se torna mais barato do que trazer automóveis das fábricas da Ford e da GM instaladas no México, que continuam sujeitas à alíquota de 25% imposta pelas tarifas setoriais da atual política comercial dos EUA.
Setor automotivo dos EUA em desvantagem
O resultado do acordo é duplamente desfavorável para as montadoras norte-americanas: ele reduz custos para os concorrentes japoneses e diminui a pressão para que eles instalem ou ampliem fábricas nos Estados Unidos. Enquanto isso, empresas como Ford e GM enfrentam custos mais altos para importar seus próprios veículos, mesmo dentro do bloco da América do Norte.
As duas companhias, até o momento, não se pronunciaram sobre o novo cenário.
Para os investidores, o acordo também representa uma nova camada de complexidade. Diante das diferentes tarifas aplicadas conforme o país de origem, é necessário reavaliar os impactos diretos e indiretos de cada negociação internacional sobre os custos das montadoras e os preços ao consumidor.
Mercado financeiro reage: euforia no Japão, cautela nos EUA
A reação mais imediata veio das bolsas asiáticas. Em Tóquio, as ações da Toyota dispararam 14,3%. A Honda teve alta de 11,2% e a Nissan cresceu 8,28%. Já as ações da Ford e da GM tiveram avanços mais modestos no pré-mercado da Bolsa de Nova York: 0,3% e 2,5%, respectivamente.
No caso da GM, a leve recuperação se dá após uma queda de 8,1% nas ações no dia anterior, mesmo com a divulgação de um lucro trimestral superior ao esperado. Analistas avaliam que a montadora pode ganhar novo fôlego caso os EUA celebrem acordo semelhante com a Coreia do Sul, país de onde a GM também importa parte de sua produção.
(Com informações do Valor Econômico)
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