Trump arma ‘duplo choque tarifário’ para 1º de agosto e desafia sistema multilateral de comércio
A partir de 1º de agosto, tarifas setoriais vão se somar a impostos por país e podem afetar até 70% das importações dos EUA
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prepara uma nova ofensiva comercial que deve elevar significativamente os custos de importação de diversos produtos.
Segundo a Bloomberg, a Casa Branca pretende anunciar nos próximos dias uma tarifa de 50% sobre o cobre, medida que deve entrar em vigor já no dia 1º de agosto. A decisão se insere em uma estratégia mais ampla de tarifação setorial que será somada às tarifas específicas por país já programadas para a mesma data.
Além do cobre, Trump afirmou na última terça-feira (15) que deve impor tarifas sobre medicamentos até o final do mês, e que taxas sobre semicondutores também estão em estudo. “Provavelmente no fim do mês, e vamos começar com uma tarifa baixa”, disse ele sobre os remédios, “e vamos dar às farmacêuticas um ano ou mais para se adequarem, e depois vamos tornar [a tarifa] muito alta”.
Fontes ouvidas pela Bloomberg indicam que a lista de tarifas por setor deve avançar na seguinte ordem: cobre, madeira, chips, minerais críticos e medicamentos. A ordem, no entanto, ainda pode ser alterada.
Tarifas podem atingir até 70% das importações
Se todos os planos forem implementados, entre 30% e 70% das importações de um país poderiam ser atingidas pelas tarifas setoriais. O restante seguiria sob as taxas já estipuladas por país. Entre os setores já atingidos por tarifas anteriores estão aço, alumínio, automóveis e peças automotivas.
As novas tarifas estão sendo estruturadas sob a Seção 232 da Lei de Expansão Comercial, com base em alegações de segurança nacional. Essa base jurídica é considerada mais sólida do que os dispositivos emergenciais usados por Trump para impor tarifas bilaterais, atualmente sob questionamento judicial.
Negociações com países como União Europeia, Japão e Índia buscam reduzir tanto tarifas bilaterais quanto setoriais, mas esbarram na divisão de responsabilidades: enquanto o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, comanda as negociações por país, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, supervisiona os setores industriais.
Medicamentos: tarifas podem chegar a 200%
A proposta de taxar medicamentos prevê uma fase inicial com alíquotas reduzidas, seguidas por aumentos graduais. Em junho, Trump chegou a sugerir tarifas de até 200%. De acordo com documentos internos, as primeiras taxas devem recair sobre 80 a 90 medicamentos genéricos essenciais, além de insumos químicos e precursores. Empresas como Teva e Sandoz podem ser particularmente afetadas, dada a margem de lucro reduzida dos genéricos.
Se houver ampliação para medicamentos de marca, gigantes do setor como Eli Lilly, Merck e Pfizer também sentirão o impacto.
Chips e cobre no centro do plano
As tarifas sobre semicondutores, isentos das medidas anteriores contra a China, seguem o mesmo cronograma dos medicamentos. Trump afirmou que essa etapa é “menos complicada”. Empresas de tecnologia, montadoras, fabricantes de barcos e entusiastas de criptoativos expressaram preocupação nas audiências públicas da investigação, iniciada em abril.
A tarifa pode afetar não só os chips, mas também produtos como smartphones e notebooks da Apple e Samsung. Montadoras como Tesla, GM e Ford também se posicionaram contra.
No caso do cobre, a tarifa abrangerá o metal refinado e produtos semiacabados, usados em redes elétricas, centros de dados e equipamentos militares. O impacto poderá ser sentido em setores variados, de construção civil a eletrodomésticos. Produtores nacionais se reuniram recentemente em Washington para tentar influenciar a política de maneira a proteger a indústria sem prejudicar a cadeia produtiva.
Outros setores na mira
A investigação sobre a madeira segue em ritmo próprio, desvinculada das tarifas já aplicadas sobre produtos canadenses. Mais de uma dezena de parlamentares pedem tarifas de 60% ou mais sobre móveis, gabinetes e produtos similares. Alguns exigem até 100%. O senador Tommy Tuberville disse esperar que a Casa Branca atenda à demanda.
Já a investigação sobre minerais críticos enfrenta obstáculos práticos: como a indústria local é incipiente, não há muito o que proteger com tarifas. Apenas uma empresa nos EUA opera mina e processamento de terras raras.
No setor de aviação comercial, o Departamento de Comércio ainda avalia se aplicará tarifas sobre aeronaves e motores a jato. A União Europeia busca ser isenta.
Por fim, novas investigações foram abertas nesta semana sobre drones, caminhões pesados e o polissilício, material usado em painéis solares. As medidas, porém, devem demorar mais para se concretizar.
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