The Economist escancara censura de Trump nos EUA
Presidente dos EUA faz investidas agressivas contra a imprensa: limita coberturas, processa jornais e amplia participação nas redes
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem intensificado ações para tentar limitar vozes críticas na imprensa e influenciar diretamente o noticiário. De pressões sobre redes de televisão a processos bilionários contra grandes jornais, a ofensiva revela uma estratégia ampla de intimidação e concentração de poder midiático.
A avaliação foi publicada nesta quinta-feira (25) pela revista The Economist, em reportagem de capa que analisa o embate entre o governo Trump e a liberdade de expressão nos Estados Unidos. O semanário destaca que, apesar das investidas agressivas, os resultados têm sido limitados: o apresentador Jimmy Kimmel voltou ao ar após ser alvo de tentativa de silenciamento, um processo de US$ 15 bilhões contra o New York Times foi rejeitado pela Justiça e a aquisição de plataformas digitais por empresários aliados ainda é incerta.
Processos e pressões regulatórias
Trump e sua equipe recorreram a processos contra veículos como o Wall Street Journal e o Des Moines Register, além de tentar impor limites à cobertura do Pentágono. Em paralelo, o governo pressionou conglomerados como a Disney e sugeriu que redes críticas ao presidente poderiam perder suas licenças de transmissão. Embora essas ações não tenham solidez jurídica, segundo a revista, elas geram custos elevados e criam um ambiente de intimidação.
Outro aspecto citado pela Economist é o uso de empresários aliados na tentativa de reconfigurar o cenário midiático. O presidente conta com o apoio de grupos ligados às famílias Ellison e Murdoch para ampliar o controle sobre grandes conglomerados de mídia. O fortalecimento da rede social Truth Social, lançada por Trump, também faz parte dessa estratégia.
Resistência da mídia e fragmentação do mercado
Apesar das ofensivas, a análise ressalta que o mercado de mídia nos Estados Unidos é robusto e diversificado, o que dificulta tentativas de captura como as registradas em países menores, como a Hungria. Nos EUA, jornais e redes de televisão ainda desempenham papel relevante e, quando mantêm a resistência, tendem a vencer batalhas jurídicas, expondo o presidente como um líder autoritário em busca de adulação.
A reportagem sublinha ainda que a fragmentação das redes sociais e a multiplicidade de produtores de conteúdo tornam quase impossível a imposição de uma narrativa única.
Liberdade de expressão e riscos à democracia
Para a revista, a Constituição americana, o apetite do mercado por novos conteúdos e a metade do país que não apoia Trump funcionam como barreiras à captura total da mídia. Entretanto, o ambiente político polarizado, alimentado por narrativas de confronto e sensacionalismo, fragiliza a construção de consensos democráticos.
A Economist conclui que, embora Trump provavelmente não consiga dominar a imprensa americana, sua ofensiva já impõe custos elevados à democracia. A busca por audiência em meio a uma economia de atenção fragmentada favorece discursos apocalípticos e divisionistas, tornando mais difícil sustentar a governabilidade com base em fatos compartilhados.