The Economist compara Trump a cão que late, mas não morde, em matéria sobre tarifas contra o Brasil
Revista britânica avalia que impacto das tarifas impostas por Washington será limitado e destaca reação firme de Lula
247 – A revista The Economist comparou, em reportagem publicada nesta sexta-feira 8, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a um “cão que late, mas não morde” ao analisar as tarifas impostas contra o Brasil. Segundo a publicação britânica, apesar do anúncio de uma taxa de 50% sobre exportações brasileiras — uma das mais altas do mundo —, o impacto econômico será restrito devido às amplas isenções conquistadas pelo governo brasileiro.
De acordo com a reportagem, o objetivo de Trump não foi econômico, mas político: punir o Brasil pelo julgamento de seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar um golpe de Estado. Para a The Economist, este é o exemplo mais evidente do uso de tarifas como arma de pressão política pela Casa Branca.
Reação de Lula e recuo dos EUA
A revista relata que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com firmeza, afirmando que o Brasil não será “tutelado” por potências estrangeiras nem se “humilhará” diante de um “imperador” indesejado. Sem adotar retaliações diretas, Lula apostou na articulação de empresas brasileiras e importadores norte-americanos para pressionar Washington.
O resultado foi o recuo de Trump, com a exclusão de quase 700 produtos da lista de tarifas, incluindo aviões, petróleo, celulose e suco de laranja. Com isso, quase metade das exportações brasileiras para os EUA ficou isenta. O Itaú Unibanco estima que a taxa efetiva cairá para cerca de 30%, enquanto o Goldman Sachs manteve a previsão de crescimento do PIB brasileiro em 2,3% para este ano.
Setores mais afetados e diversificação de mercados
Ainda assim, setores como café, carne bovina e frutas tropicais sentirão os efeitos. O café, por exemplo, representa 16% das exportações brasileiras do produto e já registrou queda de um terço nos embarques para os EUA em julho, segundo a Cecafé. A carne bovina, que teve 17% das vendas externas destinadas ao mercado norte-americano em 2024, também enfrenta retração.
A The Economist ressalta, no entanto, que o Brasil diversificou seus mercados nos últimos anos, com crescimento das vendas para União Europeia, Ásia e Oriente Médio. A China, principal compradora da carne bovina brasileira, autorizou recentemente a importação de café de 183 novas empresas do país.
Risco de escalada comercial
A revista alerta para um possível agravamento da disputa caso Lula avance com a ideia de consultar os países do BRICS para responder às tarifas. Trump já classificou o bloco como “antiamericano” e ameaçou impor novas tarifas, que poderiam chegar a 100% caso o grupo substitua o dólar no comércio internacional.
Segundo a The Economist, Lula vem colhendo dividendos políticos ao se apresentar como defensor da soberania nacional diante das pressões de Washington, mas seu desafio será evitar que a retórica se converta em uma guerra comercial de maiores proporções.
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