Em editorial infame, Estadão ataca o BRICS e confirma sua submissão a Washington
Artigo do jornal tenta minimizar importância do bloco e ignora que Brasil, China e Índia discutem respostas coordenadas à ofensiva tarifária de Trump
247 – O jornal O Estado de S. Paulo publicou, neste sábado (9), um editorial com ataques diretos ao BRICS, classificado de forma depreciativa como “miragem”. No texto, o diário paulista critica a reação do grupo à mais recente medida do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs sobretaxas de 50% às exportações do Brasil e da Índia. O editorial interpreta a postura do bloco como sinal de irrelevância, ignorando fatores estratégicos e o contexto geopolítico mais amplo.
A análise do Estadão, marcada por alinhamento automático a Washington, desconsidera que Brasil, China e Índia já estão em tratativas para formular uma resposta coordenada ao chamado “tarifaço” norte-americano. Essa articulação inclui medidas comerciais e diplomáticas que buscam proteger setores estratégicos e reforçar a autonomia do bloco frente a práticas unilaterais de potências hegemônicas.
A importância estratégica do BRICS
Criado para fortalecer a voz das grandes economias emergentes em instituições multilaterais, o BRICS tem papel cada vez mais relevante na construção de uma ordem internacional multipolar. Hoje, o bloco reúne países que representam cerca de 45% da população mundial e respondem pela maior parte do crescimento econômico global. Além de ampliar o comércio entre seus membros, o BRICS atua em áreas como cooperação financeira, tecnológica e energética, buscando reduzir a dependência de moedas e sistemas dominados por um único polo de poder.
Ao contrário do que sugere o editorial do Estadão, a ampliação do grupo e o fortalecimento de mecanismos internos, como o Novo Banco de Desenvolvimento, reforçam sua capacidade de oferecer alternativas concretas à arquitetura econômica imposta por países desenvolvidos. A coordenação frente a medidas protecionistas, como as impostas por Trump, é mais um passo nesse sentido.
Submissão editorial e distorção da realidade
O texto publicado pelo Estadão ecoa a retórica de que o Brasil deveria priorizar negociações bilaterais com os EUA, minimizando os riscos de um alinhamento automático que historicamente fragilizou a posição brasileira nas mesas de negociação. Ao atacar o BRICS, o jornal demonstra uma visão ultrapassada, presa ao paradigma unipolar que vem sendo desafiado nas últimas décadas.
A tentativa de retratar o bloco como ineficaz não apenas distorce a realidade, como também subestima a capacidade de articulação de países como Brasil, China e Índia, que têm interesses próprios e sabem que a construção de respostas coletivas fortalece a posição de cada um no cenário global.
O episódio das sobretaxas de Trump é, portanto, um teste — não da fragilidade do BRICS, mas da capacidade do bloco de se consolidar como alternativa à hegemonia de Washington. Ao contrário do que sugere o Estadão, esse processo já está em curso e tende a ganhar força diante das crescentes práticas unilaterais do governo norte-americano.
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