Israel já matou mais jornalistas do que as mortes ocorridas nas duas guerras mundiais
Ação deliberada para eliminar profissionais de imprensa confirma a brutalidade do regime sionista
247 – O assassinato de seis jornalistas — cinco deles da rede Al Jazeera — na Cidade de Gaza, no último domingo, tornou-se mais um trágico marco da violência contra a imprensa desde o início da ofensiva israelense no enclave. Segundo dados do Comitê de Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG que atua na defesa da liberdade de imprensa, 192 profissionais foram mortos desde outubro de 2023, número recorde na História moderna e quase três vezes maior do que o registrado nas duas Guerras Mundiais somadas. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo.
Diante da repercussão internacional e das pressões crescentes, Israel, ao mesmo tempo em que lança acusações contra os jornalistas mortos, já admite permitir a entrada de imprensa estrangeira em Gaza. Entre os mortos no ataque de domingo estava Anas al-Sharif, correspondente amplamente reconhecido por sua cobertura do conflito. Ele havia sido acusado por Israel, sem provas concretas, de integrar a ala militar do Hamas. Em julho, em entrevista ao CPJ, Al-Sharif denunciou que as acusações representavam uma ameaça real à sua vida: "Tudo isso acontece porque minha cobertura dos crimes da ocupação israelense na Faixa de Gaza os prejudica e mancha sua imagem no mundo. Eles me acusam de terrorista porque a ocupação quer me assassinar moralmente".
Desde os ataques de 7 de outubro de 2023, quando ações do Hamas contra Israel deixaram cerca de 1,1 mil mortos e desencadearam a ofensiva militar israelense, 192 jornalistas perderam a vida no território palestino — as autoridades de saúde de Gaza elevam esse número para 238 — e 90 foram presos. O CPJ apontou que Israel foi, em 2024, o segundo país que mais prendeu profissionais de imprensa, ficando atrás apenas da China.
Um estudo do Projeto Custos da Guerra, da Universidade Brown (EUA), revelou que nunca tantos jornalistas morreram em um conflito armado na História moderna como no atual massacre em Gaza. Para efeito de comparação, foram 69 mortes nas duas Guerras Mundiais, 71 durante as guerras dos EUA no Vietnã, Camboja e Laos, e 19 desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2024. O relatório denuncia que, desde os anos 2000, governos e grupos armados — de Israel ao Estado Islâmico — têm recorrido a políticas repressivas e ataques diretos para silenciar a imprensa, criando verdadeiros “cemitérios de notícias” em zonas de guerra.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) já protocolou quatro queixas contra Israel no Tribunal Penal Internacional, em Haia. Na última, em novembro, a entidade afirmou que as mortes de jornalistas permanecem impunes e que os ataques representam um “massacre sem precedentes”. A RSF denuncia ainda que o bloqueio à entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza desde outubro de 2023 visa sufocar os fatos e isolar a imprensa palestina: "O bloqueio midiático imposto sobre Gaza, com o massacre de quase 200 jornalistas pelo exército israelense, facilita a destruição total do enclave sitiado, bem como seu apagamento" — afirmou Thibaut Bruttin, diretor-geral da organização.
No domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou ter orientado o Exército a se preparar para levar jornalistas estrangeiros a Gaza “para que vejam com os próprios olhos” as ações israelenses, incluindo a distribuição de ajuda. Contudo, segundo a ONU e organizações humanitárias, o novo sistema de entrega, financiado por uma fundação dos Estados Unidos, é ineficiente e causa mais mortes entre civis. Experiências passadas indicam que, mesmo quando a entrada da imprensa estrangeira é permitida, o trabalho é restrito, monitorado e submetido à censura oficial antes da publicação, o que levanta dúvidas sobre a real independência dessa cobertura.
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