Tarifas de Trump sufocam exportações brasileiras e indústrias recorrem a férias coletivas
Setores como madeira, calçados e armamentos enfrentam estoques parados e pedem apoio do governo para evitar cortes de empregos
247 - As exportações brasileiras para os Estados Unidos sofreram forte impacto após o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump, levando empresas de diferentes setores a adotar férias coletivas como medida emergencial, relata a Folha de S. Paulo. Sem perspectivas de reversão imediata das sobretaxas ou da abertura de novos mercados, representantes da indústria pressionam o governo brasileiro em busca de medidas de apoio que evitem demissões em larga escala.
Companhias da indústria madeireira já acumulam estoques encalhados. A Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), que reúne fabricantes de compensados, pisos, molduras e pallets, relata que contratos de exportação com clientes norte-americanos foram suspensos ou cancelados. Sem espaço para armazenar a produção, empresas como a Millpar — segunda maior do setor no país — tiveram de reorganizar suas operações. A companhia deu férias coletivas em sua unidade de Quedas do Iguaçu (PR) e, diante da continuidade da crise, encerrou as atividades locais para concentrar a produção em Guarapuava (PR).
Efeitos em diferentes segmentos
A paralisação não se restringe ao setor de madeira. A indústria calçadista também decretou férias coletivas, enquanto a Polimetal, fornecedora da Taurus, colocou 33 dos 50 funcionários em recesso temporário em São Leopoldo (RS). Em nota, a Taurus explicou que parte da produção será transferida para os EUA como forma de “minimizar os impactos da taxação” sobre as armas brasileiras.
Alternativas trabalhistas e riscos de cortes
Especialistas e representantes empresariais lembram que as férias coletivas são a primeira etapa de contenção de custos, reduzindo despesas imediatas e adiando decisões mais graves. Caso o cenário persista, companhias avaliam recursos como banco de horas, antecipação de feriados e até programas de demissão voluntária (PDV), considerados menos onerosos do que desligamentos unilaterais.
Pressão sobre o governo e medidas em análise
Na semana passada, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou um plano emergencial, prevendo R$ 30 bilhões em crédito e benefícios tributários, condicionado à manutenção dos empregos. Apesar de elogiarem a iniciativa, empresários cobram ações mais concretas e rápidas.
A Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) encaminhou propostas ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB). Entre as medidas sugeridas estão a redução temporária de jornada com corte proporcional de salários, a suspensão de contratos de trabalho por até 90 dias e a criação de um auxílio federal aos funcionários.