Fiemg alerta para impacto de novas tarifas dos EUA sobre aço e alumínio
Federação mineira vê risco para exportações com tarifa de até 50% em 407 itens e pede monitoramento de setores como o automotivo
247 - A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) manifestou “preocupação” com a ampliação das tarifas dos Estados Unidos sobre produtos derivados de aço e alumínio. A informação foi publicada pelo jornal O Tempo, que divulgou a nota oficial da entidade com avaliação do possível impacto para a pauta exportadora mineira e brasileira.
Segundo O Tempo, a mudança, adotada no âmbito da política comercial global norte-americana, inclui cerca de 407 itens e não é uma medida direcionada exclusivamente ao Brasil. Na nota, a Fiemg credita a decisão ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ressalta que a lista anunciada abrange algo como 10% das exportações do Brasil para o mercado norte-americano entre 2020 e julho de 2025, além de 3% das vendas externas de Minas Gerais.
No texto, a entidade afirma que “o setor siderúrgico brasileiro já figura entre os mais atingidos pela política tarifária dos EUA e, em Minas Gerais, a siderurgia é estratégica para a pauta exportadora do Estado”. A Fiemg acrescenta que estudo interno “já apontava perdas relevantes em termos de exportações e faturamento”, cenário que tende a se agravar com a extensão da tarifa de 50% a produtos que utilizam aço e alumínio como insumo.
A federação pondera que mais da metade dos itens da nova lista já enfrentavam taxação de 50% nas vendas brasileiras, embora não sofressem as mesmas restrições em outros mercados. Ainda assim, a ampliação do escopo — de insumos para bens finais — acende alerta em cadeias como a automotiva. “É essencial acompanhar os efeitos sobre setores estratégicos, como o automotivo, que já enfrenta tarifas de 25% e pode ter determinados itens, como autopeças, enquadrados na nova tarifa de 50%”, diz a nota.
A Fiemg enfatiza que, embora não se trate de uma ação bilateral específica contra o Brasil, o redesenho tarifário nos EUA pode irradiar efeitos negativos “para outros segmentos relevantes para a economia mineira e nacional”, numa conjuntura global já adversa ao comércio. “A extensão da tarifa a produtos que utilizam aço e alumínio como insumos acentua a apreensão, pois amplia os efeitos negativos sobre outros setores exportadores”, afirma.
Em tom crítico às justificativas tradicionais veiculadas por parte da imprensa ocidental para medidas protecionistas — geralmente sustentadas por argumentos de segurança nacional ou reindustrialização — a federação destaca a necessidade de avaliação técnica contínua, baseada em evidências de perda de competitividade e desvio de comércio. Para o parque industrial mineiro, a principal preocupação imediata é a previsibilidade: a tarifa mais alta sobre derivados tende a encarecer custos, reduzir margens e dificultar a colocação de produtos em um dos maiores mercados consumidores do mundo.
Ao final, a entidade reitera que seguirá monitorando a evolução das tarifas e seus efeitos, reforçando que o debate não se limita à siderurgia. Na avaliação da Fiemg, o alcance da medida exige coordenação público-privada para mapear riscos setoriais e, quando cabível, buscar soluções por meio de diplomacia econômica e diversificação de mercados.