Com juros altos, CNI corta projeção de crescimento da indústria em 2025
Confederação Nacional da Indústria prevê avanço menor no setor industrial, pressionado pela taxa Selic em 15% e pelo aumento das importações
247 - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta sexta-feira (17/10) seu Informe Conjuntural do 3º trimestre, em que reduziu a expectativa de crescimento da indústria brasileira para 2025. Segundo a entidade, a economia nacional deve avançar 2,3% no próximo ano, mas o setor industrial sofrerá com os efeitos da taxa básica de juros e da concorrência externa. As informações são do Metrópoles.
O estudo mostra que a indústria deverá crescer apenas 1,6% em 2025, após duas revisões consecutivas para baixo. A principal pressão negativa vem da indústria de transformação, cuja projeção de alta caiu de 1,9% para 0,7%. Já a construção teve sua previsão reduzida de 2,2% para 1,9%. Em contrapartida, a indústria extrativa deve ser o destaque positivo, com avanço de 6,2%, bem acima da estimativa anterior de 2%.
Juros e concorrência internacional como entraves
A CNI destacou que a taxa Selic, mantida em 15% ao ano, tem afetado o consumo de bens industriais e a produção de insumos da construção. Além disso, o setor enfrenta uma queda da demanda interna e a crescente participação de produtos importados no mercado brasileiro.
Segundo o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, esse conjunto de fatores compromete a capacidade de expansão da indústria. “A demanda por bens industriais na economia brasileira vem diminuindo. Além disso, nós tivemos um aumento expressivo das importações. Ou seja, o mercado brasileiro não cresce e, cada vez mais, as importações dominam, inibindo a capacidade de crescimento da produção nacional. O fator mais recente são as tarifas adicionais dos EUA, principal parceiro comercial da indústria de transformação”, afirmou.
Ele acrescentou que, em agosto e setembro, as exportações brasileiras desse segmento para os Estados Unidos recuaram 21,4% em relação ao mesmo período de 2024.
Agropecuária e serviços em melhor situação
Enquanto a indústria mostra sinais de enfraquecimento, a agropecuária deverá ter desempenho robusto em 2025, com previsão de crescimento de 8,3%, acima dos 7,9% projetados anteriormente. A alta está ligada ao bom resultado da safra agrícola.
O setor de serviços também terá ligeira melhora, com estimativa de avanço de 2%, contra 1,8% no último relatório, sustentado pelo mercado de trabalho aquecido e pelo aumento das despesas do governo federal no segundo semestre deste ano.
Inflação e perspectiva para os juros
No campo da inflação, a CNI prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano em 4,8%. O resultado ficará acima da meta de 3% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas dentro da faixa de tolerância. Ainda assim, a entidade avalia que o Banco Central não deve reduzir os juros em 2025, mantendo a Selic em 15% ao ano — o maior nível em quase 20 anos.
A projeção é que os juros altos reduzam a concessão de crédito, com avanço de apenas 5,5% em 2025, quase metade da taxa observada no ano passado. Os investimentos também devem desacelerar, crescendo apenas 3%, contra 7,3% em 2024.


