CNI vê avanço nas negociações entre Trump e Lula
Ricardo Alban afirma que Brasil pode chegar a acordo com EUA sobre tarifas e defende cautela contra retaliações
247 - O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirmou nesta quarta-feira (15) que as tratativas entre Brasil e Estados Unidos caminham para avanços significativos após os recentes encontros entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos.
Alban avalia que o diálogo abre espaço para um possível entendimento em torno das tarifas impostas por Washington a produtos brasileiros. “Trump tem um estilo próprio de agir e negociar, com embates e depois negociações. Tivemos ruídos políticos, mas o setor privado evitou potencializar essa discussão”, disse o presidente da CNI, de acordo com a CNN Brasil.
CNI defende cautela e evita retaliações
O dirigente destacou que a CNI sempre defendeu uma postura moderada do governo brasileiro diante das tarifas norte-americanas. “Pedimos que não houvesse retaliação. Era preciso ter parcimônia para não perder a razão. Felizmente isso foi seguido, e há espaço para entendimento”, afirmou.
Alternativas apresentadas ao governo dos EUA
Ricardo Alban revelou ainda que a entidade manteve contato constante com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). “Mostramos alternativas nas áreas de energia renovável, data centers, minerais críticos e outros setores. Foi reconhecido que o Brasil também é um parceiro importante”, disse.
Para o presidente da CNI, a política norte-americana de tarifas é reflexo da proteção das cadeias produtivas internas. “Eles estão fazendo o que todos nós gostaríamos de fazer: proteger a economia e a indústria nacional. Às vezes há exageros, mas é natural que busquem seus interesses”, avaliou.
Estratégias da indústria para reduzir impactos
Como parte da estratégia para enfrentar o tarifaço, a CNI firmou acordo com a InvestSP para abrir mercados em diferentes continentes. Representantes da entidade em Dubai, Nova York, Munique e Xangai terão a missão de mapear oportunidades comerciais.
Além disso, a entidade brasileira acompanha de perto os acordos internacionais firmados entre Washington e outros países, em busca de brechas que possam ser usadas pelo Brasil como argumento em futuras negociações. A CNI também contratou um escritório especializado em lobby para reforçar a defesa da indústria nacional.
Brasil Soberano e a defesa da indústria nacional
Alban destacou ainda a importância de fortalecer a política de defesa comercial e as diretrizes do projeto Brasil Soberano. Para ele, o equilíbrio é fundamental diante de um cenário internacional em que vários países revisam suas políticas de comércio. “O mundo inteiro está revisitando suas políticas de comércio. Precisamos agir com equilíbrio para não enfraquecer nossas cadeias produtivas”, concluiu.


