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Indústria brasileira mostra sinais de recuperação, mas economia segue pressionada pela alta dos juros

Setor de serviços e mercado de trabalho sustentam crescimento em 2025, apesar da desaceleração industrial

Indústria brasileira mostra sinais de recuperação, mas economia segue pressionada pela alta dos juros (Foto: Reuters )

247 - A produção industrial brasileira atravessou o primeiro semestre de 2025 com sinais claros de desaceleração. Apesar do ritmo mais lento, análises da Unidade de Monitoramento e Avaliação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) indicam que o ciclo sazonal da indústria de transformação sugere uma recuperação até outubro, com expectativa de crescimento anual entre 1,5% e 1,8%.

Segundo o boletim econômico divulgado pela ABDI, o desempenho do setor industrial tem sido desigual entre as categorias. Enquanto os bens de consumo duráveis registraram resultados positivos no semestre, os não duráveis apresentaram retração. Já a indústria de transformação sentiu os efeitos da taxa básica de juros, mantida em 15% ao ano, que limitou a expansão e resultou em queda de 0,1% em julho.

Serviços em alta e comércio estável

O setor de serviços aparece como o motor do crescimento em 2025. Em junho, registrou a quinta alta consecutiva, com expansão de 0,3% no mês e 2,8% em relação a junho de 2024. Em 12 meses, a receita do setor acumula aumento de 7,5%. O comércio, por outro lado, segue instável: apresentou queda de 0,1% em junho, terceira retração consecutiva, embora a receita nominal tenha avançado 6,5% no acumulado de 12 meses. Entre os destaques, combustíveis, lubrificantes, vestuário e calçados tiveram crescimento modesto, enquanto informática, comunicação e eletrodomésticos recuaram.

Projeções para o PIB mantêm estabilidade

As previsões para a economia brasileira sofreram poucas alterações desde o início do ano. O Ministério da Fazenda revisou para cima sua projeção de crescimento do PIB, de 2,3% para 2,5%. O IPEA manteve a expectativa em 2,4%, e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) ajustou de 2,4% para 2,3%. Apesar da fragilidade da indústria, o setor de serviços deve garantir contribuição relevante para a expansão do PIB.

Investimentos em queda

A taxa de investimento recuou para 16,8% no segundo trimestre, pouco acima dos 16,6% de 2024, mas a queda foi significativa. O boletim aponta que a manutenção da Selic em patamar elevado tem adiado decisões empresariais e freado novos projetos.

Mercado de trabalho segue forte

Em contraste com a indústria, o mercado de trabalho brasileiro exibe indicadores robustos. A taxa de desemprego caiu para 5,8% no trimestre encerrado em junho, o menor patamar desde 2012. A informalidade também recuou para 37,8%, e a subocupação ficou em 4,5%. O rendimento médio alcançou R$ 3.477,00. Apenas em julho, foram criados 130 mil empregos formais, sendo 23 mil na indústria de transformação, 9 mil na agropecuária e 50 mil em serviços.

Balança comercial em alerta

O déficit em transações correntes cresceu 76,4% nos primeiros sete meses de 2025, somando US$ 40 bilhões. O superávit da balança comercial caiu 26,9%, influenciado pelo aumento das importações — principalmente da China (+20%) e dos Estados Unidos (+12,6%) — enquanto as exportações permaneceram estáveis. Esse movimento aponta para desafios de competitividade e diversificação da cadeia produtiva brasileira.

Desafios à frente

Entre os pontos de atenção destacados pela ABDI, estão a desaceleração da indústria de bens de capital, o impacto da taxa de juros sobre o consumo e os riscos crescentes no setor externo. Segundo o boletim, a persistência de déficits em transações correntes e a dependência de produtos com maior conteúdo tecnológico no mercado internacional podem comprometer a sustentabilidade do crescimento no médio prazo.

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