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      Steven Levitsky: ataques de Trump lembram Coreia do Norte e Brasil é hoje mais democrático que os EUA

      Cientista político de Harvard critica medidas autoritárias de Trump e elogia resposta do STF às ameaças de Bolsonaro

      Lula e Steven Levitsky, cientista político e autor do best-seller “Como as Democracias Morrem” (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O cientista político Steven Levitsky, professor de Harvard e autor do best-seller Como as Democracias Morrem, fez duras críticas ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo (leia aqui). Segundo ele, os ataques do governo norte-americano contra a universidade “têm sido brutais” e se assemelham apenas às práticas da Coreia do Norte.

      “Me custou muito sono. Me custou muitas lágrimas. Tem sido brutal para mim”, disse Levitsky ao comentar as tentativas de Trump de impedir a matrícula de estudantes estrangeiros em Harvard. Ele ressaltou que 90% de seus alunos de doutorado são internacionais, muitos deles brasileiros, e que a política do governo representa um “ato de loucura”.

      Brasil mais democrático que os EUA

      Na conversa, Levitsky afirmou que o Brasil, apesar de suas imperfeições institucionais, respondeu melhor às ameaças à democracia representadas por Jair Bolsonaro do que os Estados Unidos reagiram a Trump. “No final do dia, acho que o STF fez o que precisava fazer para defender a democracia brasileira”, declarou. Para ele, mesmo com eventuais excessos, o Supremo Tribunal Federal “reprimiu uma ameaça conhecida à democracia” e isso tornou o país hoje “consideravelmente mais democrático do que os EUA”.

      Levitsky não poupou críticas ao presidente norte-americano. “Donald Trump é o pior pesadelo dos líderes fundadores do nosso país. Nunca na história dos EUA tivemos um presidente tão ameaçador para o Estado de Direito, para a Constituição, para a democracia”, afirmou. Segundo ele, o simples fato de Trump ter retornado à Casa Branca depois de tentar um golpe e questionar o resultado eleitoral prova o fracasso das instituições norte-americanas.

      O risco do Executivo autoritário

      O cientista político destacou que, historicamente, quem destrói democracias não são os tribunais nem o legislativo, mas o Executivo. “Se você olhar para países que no século 21 passaram da democracia para a ditadura, são sempre, sem exceção, o Poder Executivo matando a democracia. Não é o Judiciário”, disse. Nesse sentido, afirmou preferir um Judiciário mais ativo a um Executivo autoritário, como nos EUA.

      Levitsky também defendeu que algum tipo de regulação das redes sociais é “inteiramente compatível com a democracia”, sobretudo para combater desinformação em contextos de pandemia, desastres ou eleições. Ele avaliou que o debate deve ser conduzido pelo Legislativo, mas rejeitou a visão de que qualquer regulação seria, por definição, censura.

      Por fim, o cientista político criticou o chamado “tarifaço” de Washington contra produtos brasileiros, classificando a atitude como “uma expressão vergonhosa do poder econômico dos EUA”. Ele comparou a iniciativa às intervenções da CIA em países como Chile, em 1973, e Guatemala, em 1954, alertando que seria um “profundo golpe ao Estado de Direito do Brasil” se ameaças do governo dos Estados Unidos influenciassem decisões judiciais brasileiras.

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