"Presidência brasileira dos BRICS está sendo tímida", diz Paulo Nogueira Batista Júnior
Economista critica falta de protagonismo do Brasil à frente do bloco e sugere ações para evitar o desperdício de uma oportunidade histórica
247 – A presidência brasileira dos BRICS em 2025 corre o risco de se tornar um exercício inócuo, caso o governo não assuma com mais vigor o papel de liderança no bloco. Essa é a avaliação do economista Paulo Nogueira Batista Júnior, ex-diretor-executivo do FMI e ex-vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), em vídeo publicado no seu canal no YouTube (veja aqui).
Segundo ele, a condução brasileira tem sido marcada por timidez e pouca inventividade. “Não há sinais convincentes de que algo importante esteja sendo feito. A presidência brasileira, infelizmente, está sendo tímida, pouco inventiva”, afirmou. O economista lamenta ainda a falta de mobilização não apenas das equipes técnicas e ministros, mas também do presidente da República: “poderia estar mais engajado”, disse.
O papel dos BRICS e a necessidade de articulação
Para Nogueira Batista Jr., os BRICS têm potencial para exercer influência significativa sobre os rumos da economia e da política mundial, desde que atuem de forma coordenada. Essa coordenação, no entanto, requer protagonismo do país que ocupa a presidência rotativa do grupo. “Era preciso que o país que exerce a presidência liderasse, apresentasse propostas, pressionasse. Nós não estamos vendo isso”, afirmou.
Um dos indícios da fragilidade da presidência brasileira, segundo ele, está na decisão de realizar a cúpula do grupo no início de julho. Tradicionalmente, esses encontros de cúpula ocorrem no final do ano, o que permite mais tempo para negociações e construção de consensos. “Ao marcar a cúpula para o início de julho, o governo brasileiro arrisca reduzir a presidência brasileira efetivamente a um semestre”, criticou.
Caminhos para reverter o quadro
Apesar das críticas, o economista acredita que ainda é possível recuperar o protagonismo. Ele propõe que o Brasil organize uma série de reuniões técnicas e ministeriais ao longo do segundo semestre — envolvendo ministros da Fazenda, presidentes de Bancos Centrais, secretários e assessores — que culmine com um novo encontro de cúpula em novembro, durante a reunião do G20 na África do Sul.
“Não é difícil organizar uma reunião dessas. Já fizemos várias no passado”, lembrou. Ele defende que, mesmo os novos membros do BRICS que não fazem parte do G20, poderiam ser convidados para essa nova rodada de debates.
Oportunidade que não pode ser desperdiçada
Encerrando sua análise, Paulo Nogueira Batista Júnior fez um apelo ao governo para que aproveite plenamente o simbolismo e a responsabilidade de liderar os BRICS em 2025. “Espero que o Brasil ainda se mobilize para evitar desperdiçar a oportunidade que lhe foi dada de presidir os BRICS num momento tão especial”, declarou.
Sua fala ressoa como um alerta ao governo brasileiro: a presidência dos BRICS pode ser um ponto de inflexão para a projeção internacional do país — mas, para isso, será preciso abandonar a inércia e assumir, de fato, a liderança do bloco. Assista:
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