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“Fórum de São Petersburgo apontou a nova ordem mundial liderada pelo Sul Global", aponta Pepe Escobar

Evento aponta caminhos para integração econômica entre Rússia, China, Irã e países emergentes

(Foto: Brasil247)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em vídeo publicado em seu canal no Pepe Café, o analista geopolítico Pepe Escobar relatou os principais acontecimentos do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, encerrado neste fim de semana na Rússia. Segundo Escobar, o encontro deste ano foi um dos mais relevantes no cenário global, comparável apenas ao Fórum dos BRICS realizado em Kazan, também na Rússia, no ano anterior.

O destaque do evento foi a presença massiva de delegações do Sul Global — incluindo países da África, da Ásia Central, do Sudeste Asiático e do Golfo Pérsico — que discutiram temas como reforma do sistema financeiro internacional, ampliação do comércio em moedas locais e investimentos estratégicos em regiões devastadas pela guerra, como o Dombass, na Ucrânia. “O Sul Global estava praticamente todo representado e discutindo comércio, corredores de conectividade e reforma do sistema financeiro”, afirmou Escobar.

Um dos painéis mais relevantes, segundo o jornalista, tratou da desdolarização das trocas internacionais e contou com a participação de representantes de bancos russos e chineses, além do economista brasileiro Paulo Nogueira Batista Jr., cuja intervenção foi considerada a melhor do painel. “O Paulo não mediu sua análise por imperativos diplomáticos”, ressaltou.

Outro exemplo concreto do avanço geoeconômico relatado no fórum foi o interesse de empresas chinesas em investir diretamente em Donetsk. Escobar destacou o caso de uma executiva chinesa que, após tomar conhecimento da região no fórum de Vladivostok em 2023, foi a São Petersburgo e teve reuniões com autoridades locais. “Ela está interessada em investir em Donetsk, e o número dois da República Popular de Donetsk me disse que há um interesse crescente de empresas chinesas”, afirmou.

O contraste entre as propostas de integração do Sul Global e o comportamento do Ocidente foi um ponto recorrente nas discussões. Escobar enfatizou a “demência do Norte Global”, marcada por tensões militares e ameaças, especialmente vindas dos Estados Unidos e de Israel contra o Irã. Uma das declarações mais contundentes veio do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que afirmou durante a plenária final: “Seria um erro colossal usar uma bomba suja contra a Rússia. Talvez o último erro”.

O presidente russo ainda revelou que recebeu garantias de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos em seu segundo mandato, e de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, de que técnicos russos que trabalham na usina nuclear de Bushehr, no Irã, não seriam alvo de ataques. “Putin deu um aviso indireto, mas claro, aos ‘guerreiros de poltrona’ do Beltway”, disse Escobar.

Além dos temas econômicos e estratégicos, o fórum também abordou o papel das fake news na política internacional. Um painel especial contou com a participação da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, e da ex-chanceler austríaca Karin Kneissl. Segundo Escobar, discutiu-se como o ecossistema de big techs ocidentais se tornou uma máquina de desinformação global. “A Palantir, por exemplo, está hoje incorporada ao governo americano e atua como uma força de dominação informacional com tons nazifascistas”, comentou.

Com cerca de 15 mil participantes, o fórum foi considerado um sucesso em termos de conteúdo e participação. “Os painéis extravasaram o tempo previsto, tamanha era a profundidade dos debates e o interesse do público”, relatou Escobar. Houve mesas de negociação entre Rússia e China, mas também com Indonésia, Vietnã, França e até Estados Unidos, refletindo uma busca por caminhos alternativos à lógica de confrontação ocidental.

Por fim, Escobar destacou que as discussões do fórum devem influenciar diretamente o próximo encontro dos BRICS, que será realizado no Rio de Janeiro em breve. “É o trem-bala do Sul Global que está em movimento. O mundo antigo é o Ocidente, uma península da grande Eurásia, enquanto os países do Sul já se veem como parte do centro dinâmico do novo mundo”, concluiu. Assista:

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