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      Francis Bogossian defende soberania nacional e reindustrialização no Fórum China-América Latina

      Presidente do Clube de Engenharia critica privatizações e propõe cooperação internacional baseada no fortalecimento da engenharia e da indústria brasileira

      Francis Bogossian (Foto: LiHao / Global Times)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Durante o Fórum de Mesa Redonda China-América Latina, realizado em junho deste ano por meio de uma parceria entre o jornal chinês Global Times e o portal Brasil 247, o presidente do Clube de Engenharia do Brasil, Francis Bogossian, fez uma contundente defesa da soberania nacional e da necessidade urgente de reindustrialização do país. A participação foi registrada em vídeo no canal oficial do evento no YouTube, onde Bogossian destacou o papel estratégico da engenharia como motor do desenvolvimento sustentável e condenou as privatizações de ativos nacionais.

      Em sua intervenção, Bogossian destacou o papel histórico do Clube de Engenharia, fundado em 1880, como instituição comprometida com o progresso do país. “É meu dever priorizar os interesses estratégicos do país e contribuir para a defesa intransigente da soberania nacional”, declarou. Para Bogossian, a engenharia é condição indispensável para o avanço do Brasil. “Não há desenvolvimento sustentável sem engenharia. Essa máxima vale não apenas para a infraestrutura física, mas também para os setores industrial, energético, médico e tecnológico”, reforçou.

      O dirigente defendeu que o Brasil busque sua inserção nas cadeias globais de suprimentos com parcerias internacionais estruturadas, sempre preservando os interesses nacionais. “A participação de instituições e investigadores estrangeiros é bem-vinda, desde que pautada em associações de benefício mútuo, com ênfase na transferência de conhecimento, inovação tecnológica e geração de empregos qualificados em território nacional”, completou.

      Críticas ao modelo de privatizações e alerta sobre recursos estratégicos

      Bogossian fez duras críticas ao processo de privatização de empresas públicas, que, segundo ele, trouxe prejuízos ao povo brasileiro. “É inadmissível que, sob a égide de políticas neoliberais, tenhamos assistido à privatização de ativos estratégicos a preços aviltados, com graves prejuízos ao interesse público”, disse. E foi categórico ao afirmar: “A energia, o petróleo, os minerais e a água são recursos inegociáveis que devem permanecer sob controle nacional”.

      Ele citou o caso da Eletrobras como exemplo dos efeitos deletérios da privatização. “A experiência recente que tivemos com a Eletrobras evidencia os riscos dessa abordagem: aumento nas tarifas, desmobilização de quadros técnicos qualificados e deterioração na qualidade do serviço prestado à população”, alertou. Também mencionou o drama da população do Rio de Janeiro após a privatização da empresa estadual de saneamento, a Sedai. “Hoje para fazer um conserto você espera semanas. Antigamente, esperava horas”, comparou.

      Plano para reindustrialização e retomada da infraestrutura

      O presidente do Clube de Engenharia defendeu uma estratégia nacional voltada para a reindustrialização, destacando a importância de investimentos em infraestrutura logística. “Nosso país necessita urgentemente de apoio científico, tecnológico e econômico para implementação de um plano nacional de ferrovias e modernização da infraestrutura portuária, dinamizando nosso setor industrial”, afirmou.

      Bogossian criticou a dependência do Brasil da exportação de commodities e propôs um novo rumo para a economia nacional. “O Brasil precisa retomar sua trajetória industrial, não apenas como exportador de commodities agrícolas e minerais, mas como protagonista no desenvolvimento de bens com maior valor agregado”, destacou.

      Para ele, o capital internacional pode contribuir para o desenvolvimento, desde que respeite o controle nacional das empresas. “Defendemos um modelo de desenvolvimento que valorize o investimento externo, desde que preservada a identidade e o controle estratégico das empresas nacionais”, afirmou, sugerindo inclusive a adoção de parcerias societárias equilibradas.

      Cooperação internacional e valorização do conhecimento

      Encerrando sua participação, Bogossian reforçou a importância da cooperação internacional quando esta se dá em condições de respeito mútuo e fortalecimento do conhecimento nacional. Citou sua própria experiência como empresário, fruto de associação de longo prazo com multinacionais, como exemplo de parcerias bem-sucedidas. “Esse exemplo demonstra que é possível sim construir alianças produtivas que respeitam os interesses nacionais e contribuem para o fortalecimento do parque tecnológico e industrial do país”, declarou.

      Ele também reiterou a disposição do Clube de Engenharia para facilitar o intercâmbio entre Brasil e China. “Os chineses aqui no Brasil são muito bem-vindos. Ofereço o Clube de Engenharia para sediar cursos de mandarim e promover o entrosamento entre empresas brasileiras e estrangeiras”, concluiu.

      O Fórum China-América Latina reforçou a importância da cooperação entre as nações do Sul Global, com foco no desenvolvimento industrial e no respeito à soberania, colocando a engenharia como pilar fundamental para um futuro mais próspero e independente para o Brasil. Assista:

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