HOME > Mídia

Diálogo promovido por Global Times, Brasil 247 e UFRJ reuniu intelectuais para debater o futuro da cooperação no Sul Global

Evento no Rio de Janeiro aprofundou o diálogo entre Brasil, China e países da América Latina e Caribe

Mesa redonda de debates promovida por Global Times, Brasil 247 e UFRJ (Foto: Liu Yang / GT)
Redação Brasil 247 avatar
Conteúdo postado por:

247 em parceria com o Global Times – Representantes dos setores político, acadêmico, midiático e empresarial da China e dos países da ALC participaram de discussões aprofundadas sobre temas como trocas culturais e aprendizado mútuo entre civilizações, avanços tecnológicos e desenvolvimento verde, BRICS e o Sul Global, além da transformação midiática e intercâmbios entre think tanks.

O Instituto de Pesquisa do Global Times (GTI) também divulgou, durante o fórum, os resultados da primeira pesquisa de percepção mútua entre China e países da ALC.

Nos últimos anos, a cooperação entre China e ALC tem demonstrado forte impulso. Em maio, o presidente chinês Xi Jinping fez um discurso de abertura na quarta reunião ministerial do Fórum China-CELAC, afirmando que China e América Latina avançam de mãos dadas como uma comunidade de futuro compartilhado, e anunciou o lançamento conjunto de cinco programas: solidariedade, desenvolvimento, civilização, paz e conectividade entre os povos, delineando uma direção clara para essa parceria na nova etapa.

Como membros importantes do Sul Global, China e países da ALC vêm intensificando o entendimento mútuo e promovendo o aprendizado recíproco com o objetivo de aprofundar e ampliar a cooperação. Antecedendo a 17ª Cúpula do BRICS, a ser realizada no Rio de Janeiro, o Global Times, juntamente com o Brasil 247 e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), organizaram o evento para implementar concretamente a Iniciativa de Civilização Global e contribuir com o poder midiático na construção dos “cinco programas” entre China e ALC.

Declarações e discursos de destaque

Fan Zhengwei, presidente e editor-chefe do Global Times, afirmou em seu discurso de boas-vindas que China e ALC estão escrevendo um novo capítulo de desenvolvimento conjunto para o Sul Global. O evento, segundo ele, é uma representação vívida dos esforços da academia e da mídia de ambos os lados para aprofundar a cooperação, fortalecer os laços e promover a amizade.

Diante das mudanças profundas vistas apenas uma vez em um século, o Sul Global não é mais apenas um conceito geográfico, mas expressa aspirações de desenvolvimento, uma visão de cooperação e uma tendência histórica.

Fan destacou que a evolução das relações China-ALC e o desenvolvimento do Sul Global exigem o envolvimento conjunto de governos, autoridades locais, associações de amizade e pessoas de todas as esferas da sociedade. Como veículo de mídia chinês, o Global Times compromete-se há muito tempo a construir pontes entre a China e o mundo, contribuindo para fortalecer os vínculos entre os povos.

Leonardo Attuch, editor-chefe do Brasil 247, afirmou em seu discurso que o mundo enfrenta hoje grandes conflitos, tensões geopolíticas e sérias ameaças ao futuro da humanidade. Em meio a essa instabilidade, Brasil e China tornaram-se dois pilares importantes da paz global.

Ambos os países defendem a racionalidade e o equilíbrio, a soberania nacional, o multilateralismo e a solução negociada de disputas. Attuch defendeu que a cooperação China-Brasil seja expandida para áreas críticas, como universidades, think tanks e plataformas de mídia, que auxiliam na formação de capital intelectual, estratégia de longo prazo e disseminação cultural, superando preconceitos.

Roberto Medronho, reitor da UFRJ, afirmou que China e Brasil têm desempenhado papéis relevantes nos intercâmbios internacionais desde o estabelecimento das relações diplomáticas, há mais de 50 anos. Segundo ele, o Brasil aprendeu muito com a China e espera continuar nesse processo, contribuindo também com experiências próprias para os chineses, “não apenas por interesses bilaterais, mas para construir um mundo mais pacífico”.

Zhu Qingqiao, embaixador da China no Brasil, declarou por vídeo que este ano marca o 10º aniversário do lançamento oficial do Fórum China-CELAC. Ao longo da década, a confiança estratégica mútua se aprofundou, a cooperação prática se expandiu e os laços de amizade se fortaleceram.

Zhu observou que, sob a orientação estratégica dos presidentes Xi Jinping e Luiz Inácio Lula da Silva, China e Brasil vivem um "período dourado" de construção de uma comunidade com futuro compartilhado e alinhamento de estratégias de desenvolvimento.

Ele acrescentou que a China está pronta para trabalhar com o Brasil na ampliação da cooperação mutuamente benéfica em todos os setores — como cultura, educação, turismo, mídia e assuntos locais — enriquecendo o relacionamento bilateral com significado contemporâneo.

O fórum discutiu quatro temas principais:

  1. Troca Cultural e Aprendizado entre Civilizações
  2. Desenvolvimento Verde e Cooperação Científica
  3. O Sul Global e os Interesses Comuns
  4. Cooperação Midiática e Intercâmbio entre Think Tanks

As discussões entusiasmadas entre os participantes reforçaram a percepção de que o Sul Global é uma força cada vez mais relevante na reforma da ordem internacional, e este diálogo aprofundado, reunindo representantes da China e da América Latina, tem significado único como plataforma inspiradora para a construção de uma comunidade China-ALC com futuro compartilhado.

Elizabete Souza, administradora de empresas brasileira, declarou: “Este fórum foi riquíssimo e verdadeiramente impressionante. Uma das experiências de aprendizado mais valiosas que já tive.”

Troca cultural promove vínculos genuínos

Fan Zhengwei, Marcio Pochmann, Maria Luisa Campos, Lucélia Santos e Qiao Jianzhen
Fan Zhengwei, Marcio Pochmann, Maria Luisa Campos, Lucélia Santos e Qiao Jianzhen(Photo: Global Times)

Apesar da distância geográfica, China e América Latina mantêm relações históricas de amizade, pautadas por valores e aspirações comuns. Nos últimos anos, com o avanço da Iniciativa do Cinturão e Rota e o fortalecimento de plataformas como o Fórum China-CELAC, a troca cultural tornou-se um pilar fundamental.

Marcio Pochmann, presidente do IBGE, afirmou que vivemos a maior transformação dos últimos 400 anos, com o centro de gravidade do mundo deslocando-se do Ocidente para o Oriente e do Norte para o Sul Global. Nessa transição, os países do Sul devem reconstruir suas identidades e iniciar um novo Iluminismo.

Maria Luisa Campos, presidente honorária da Televisão Latino-Americana, destacou que as narrativas compartilhadas são tão importantes quanto as conexões econômicas e logísticas. Ela defendeu uma “perspectiva do Sul”, baseada na escuta, respeito e cooperação entre iguais.

Lucélia Santos, atriz e diretora brasileira, afirmou que a cultura é a ponte mais essencial para construir confiança e conexão emocional entre os povos. Para ela, é necessário aproveitar melhor as plataformas digitais e entrar verdadeiramente na sociedade um do outro.

Qiao Jianzhen, diretora chinesa do Instituto Confúcio da UFF, ressaltou que o intercâmbio civilizacional exige diálogo igualitário, apreciação mútua e aprendizado compartilhado, sendo fundamental diante dos desafios globais.

Aproveitando forças complementares para expandir a cooperação

Daniel Filmus, Orlando Silva, Tereza Campello, João Valente e Huang Yehua
Daniel Filmus, Orlando Silva, Tereza Campello, João Valente e Huang Yehua(Photo: Global Times)Global Times

A cooperação tecnológica e o desenvolvimento verde tornam-se pilares da convergência estratégica entre China e América Latina. A China avança em energia limpa, armazenamento e digitalização, enquanto a América Latina oferece vastos recursos naturais.

Daniel Filmus (Argentina) afirmou que a cooperação científica constrói confiança e promove entendimento intercultural. Ele destacou a importância de integrar as ciências sociais às soluções tecnológicas.

Orlando Silva, deputado federal, mencionou que a transição energética latino-americana exige inovação tecnológica, sendo a parceria com a China um diferencial valioso.

Tereza Campello, diretora no BNDES, disse que China e Brasil são protagonistas na luta contra a crise climática e na construção de modelos de desenvolvimento mais inclusivos e resilientes.

João Valente, da Ambipar, afirmou que qualquer conceito de desenvolvimento no Brasil que não seja sustentável já está ultrapassado, defendendo a restauração ecológica.

Huang Yehua, presidente da CNOOC Brasil, finalizou: “Só quando indivíduos e empresas participarem ativamente é que o desenvolvimento verde poderá florescer.”

A cooperação Sul-Sul beneficia os povos da China e da ALC

Guo Cunhai, Francis Bogossian, Patricio Conejero Ortiz, Monica Bruckmann e Xu Wenhong
Guo Cunhai, Francis Bogossian, Patricio Conejero Ortiz, Monica Bruckmann e Xu Wenhong(Photo: Global Times)Global Times

Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia do Brasil, afirmou que só a solidariedade e cooperação podem transformar potencial em desenvolvimento real. Ele defendeu a integração do Brasil em cadeias globais de alto valor.

Patricio Conejero Ortiz, da Universidade de Buenos Aires, explicou que o Sul Global é construído não por geografia, mas por valores comuns e objetivos de desenvolvimento compartilhados.

Monica Bruckmann, da UFRJ, enfatizou a transformação geopolítica em curso, com o Sul Global assumindo papel central na construção de uma nova ordem econômica global.

Xu Wenhong, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, afirmou que o Sul Global compartilha três grandes interesses comuns: poder de discurso, emancipação tecnológica e superação de desafios globais, e está diante de oportunidades históricas sem precedentes.

Mídia e think tanks aprofundam a integração

Leonardo Attuch, Evandro Menezes de Carvalho, Elias Jabbour, Song Yiran e José Reinaldo Carvalho
Leonardo Attuch, Evandro Menezes de Carvalho, Elias Jabbour, Song Yiran e José Reinaldo Carvalho(Photo: Global Times)Global Times

Com o crescimento da desinformação, a colaboração midiática e acadêmica torna-se essencial.

Leonardo Attuch ressaltou que sem convergência de ideias e valores, não há relação econômica duradoura. Ele destacou os valores promovidos pela China: erradicação da pobreza, coesão social, desenvolvimento sustentável e paz internacional.

Elias Jabbour afirmou que o poder do discurso é a principal ferramenta de comunicação e de governança hoje, defendendo a cooperação acadêmica mais profunda.

Evandro Menezes de Carvalho propôs que a mídia e os think tanks ajudem a enfrentar o medo e a ignorância com ciência, objetividade e coragem.

Song Yiran, jornalista do Diário do Povo, disse que a união entre jornalistas e acadêmicos do Sul Global cria não apenas informação, mas narrativas de destino compartilhado.

José Reinaldo Carvalho, editor internacional do Brasil 247, concluiu que a missão da imprensa é combater fake news, expor mentiras, reduzir guerras e se opor à opressão armada, monopólios e terrorismo.

Pesquisa de percepção mútua

Durante o fórum, o GTI divulgou a primeira pesquisa de percepção mútua entre China e América Latina, conduzida de abril a junho de 2025 em chinês, português e espanhol, abrangendo China, Brasil, Argentina, Chile, México, Cuba e Panamá.

Foram coletadas 5.472 respostas válidas (mais de 2.000 da China e mais de 3.300 da ALC), com controle de cotas demográficas. O questionário abordou percepções mútuas, relações bilaterais, cooperação futura e a ideia de uma comunidade China-ALC com futuro compartilhado.

Palestrantes do Diálogo Sul Global
Palestrantes do Diálogo Sul Global(Photo: Brasil 247)Brasil 247

❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Cortes 247

Relacionados

Carregando anúncios...
Carregando anúncios...