"Organização para Cooperação de Xangai tem maiores responsabilidades na defesa da paz", diz Xi
Presidente da China afirma que bloco deve fortalecer cooperação e integrar o Sul Global em um mundo marcado por incertezas
247 – O presidente da China, Xi Jinping, afirmou que a Organização para Cooperação de Xangai (OCX) tem hoje responsabilidades ainda maiores na defesa da paz regional, da estabilidade e do desenvolvimento global diante de um cenário de incertezas e rápidas transformações. As declarações foram feitas durante um banquete em Tianjin, no domingo (31), para recepcionar líderes e delegações internacionais que participam da Cúpula da OCX 2025. As informações são da agência chinesa Xinhua e do jornal Global Times.
Xi destacou que a organização deverá desempenhar um papel cada vez mais relevante no fortalecimento da unidade entre os países-membros, na cooperação do Sul Global e na promoção do progresso da civilização humana. “Com os esforços conjuntos de todas as partes, a cúpula será um completo sucesso. A Organização para Cooperação de Xangai certamente desempenhará um papel ainda maior e alcançará mais progressos”, afirmou.
A maior cúpula da história da OCX
O encontro em Tianjin é o maior já realizado desde a criação da organização em 2001, reunindo líderes de mais de 20 países e representantes de 10 organizações internacionais. Banners e símbolos da OCX tomaram conta das ruas, aeroportos e estações ferroviárias da cidade portuária, evidenciando a importância do evento para a diplomacia chinesa.
Segundo a Xinhua, os resultados esperados incluem uma declaração conjunta, uma estratégia de desenvolvimento para os próximos 10 anos e documentos que reforçam a cooperação em áreas de segurança, economia, cultura e intercâmbio entre povos. Atualmente, a OCX reúne 26 nações, entre membros plenos, observadores e parceiros de diálogo, abrangendo metade da população mundial e cerca de um quarto do PIB global.
Visão internacional sobre a cúpula
A relevância do encontro também foi destacada pela imprensa internacional. A CNN classificou a reunião como uma das maiores mobilizações diplomáticas do continente euroasiático. Já a Al Jazeera ressaltou que a OCX criou um espaço de diálogo fora do “sistema internacional liderado pelos EUA”. O Times of India enfatizou que Tianjin se tornou palco de uma intensa agenda diplomática, enquanto a repórter indiana Megha Sharma, do canal NewsX, defendeu que o evento fortalece o multilateralismo diante de decisões unilaterais impostas por certas potências.
Em entrevista exclusiva ao Global Times, o ex-embaixador do Nepal na China, Leela Mani Paudyal, afirmou que a OCX pode exercer papel central na construção de uma ordem multipolar mais inclusiva e justa. “A força da ordem unipolar está em declínio, enquanto a ordem multipolar ainda não tomou forma. Nesse contexto, a OCX, que reúne quase todas as grandes potências da Eurásia, pode dar direção estratégica a essa transformação e conquistar a confiança do Sul Global”, declarou.
O espírito de Xangai e o multipolarismo
Desde sua fundação, a OCX se orienta pelo chamado “Espírito de Xangai”, que valoriza a confiança mútua, o respeito às civilizações e o desenvolvimento conjunto. O presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev, escreveu em artigo publicado no Global Times que a organização rejeita conceitos ultrapassados da Guerra Fria e promove diálogo em vez de confronto. O texto ressaltou ainda a igualdade entre Estados grandes e pequenos como parte da identidade do bloco.
Especialistas também destacaram a singularidade da OCX frente a blocos homogêneos ocidentais, como a OTAN e o G7. Maya Majueran, diretor da Belt and Road Initiative Sri Lanka (BRISL), afirmou que a diversidade interna é justamente a fonte de sua força, permitindo que rivais e parceiros cooperem sob um mesmo teto.
Yang Jin, vice-secretário-geral do Centro de Pesquisas da OCX da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse ao Global Times que a organização representa uma alternativa concreta às lógicas de soma zero e mentalidade de Guerra Fria. “A OCX aborda os desafios de desenvolvimento por meio da cooperação e da complementaridade, promovendo o progresso comum. É uma abordagem baseada em parceria e não em confronto”, destacou.
Expectativas para o futuro
Com a presença de líderes de países centrais da Eurásia e de observadores globais, a Cúpula de Tianjin pretende lançar bases para maior integração econômica, digital e sustentável entre seus membros. Para especialistas, a OCX fortalece o papel do Sul Global no sistema internacional e projeta estabilidade em meio à fragmentação da ordem mundial.
Segundo a Xinhua, a expectativa é que a cúpula “injete mais estabilidade e energia positiva no mundo”, reforçando a proposta de uma comunidade global de futuro compartilhado, conceito central da diplomacia chinesa sob Xi Jinping.