Cúpula da Organização para Cooperação de Xangai destaca força do multilateralismo
Editorial do Global Times ressalta importância da cooperação internacional em meio a tensões globais
247 – A Cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCS) 2025 acontece em Tianjin, na China, entre os dias 31 de agosto e 1º de setembro, reunindo mais de 20 líderes estrangeiros e chefes de 10 organizações internacionais às margens do rio Haihe. O encontro, que conta com a presença de chefes de Estado, líderes de governo, observadores e parceiros de diálogo, marca o maior evento da história da organização desde sua criação em 2001. As informações são de um editorial publicado pelo Global Times.
Durante o banquete de boas-vindas, o presidente chinês Xi Jinping destacou o papel histórico da cúpula: “Este encontro carrega a importante missão de construir consensos, liberar o ímpeto da cooperação e traçar um plano para o desenvolvimento”, afirmou. Para Xi, a OCS, que nasceu para resolver dilemas de segurança regional e promover desenvolvimento conjunto, tornou-se símbolo de um novo tipo de relações internacionais.
A força do “Espírito de Xangai”
Fundada em 2001, a OCS começou com seis membros e hoje reúne 10 países, dois observadores e 14 parceiros de diálogo, tornando-se a maior organização regional do mundo em termos de cobertura geográfica e população. Ao longo de 24 anos, o chamado “Espírito de Xangai” — baseado em confiança mútua, benefício compartilhado, igualdade, consulta, respeito à diversidade e busca do desenvolvimento comum — consolidou-se como alternativa viável ao modelo de confrontação herdado da Guerra Fria.
Segundo o editorial, o princípio de “multilateralismo genuíno” diferencia a OCS em um contexto de erosão das instituições multilaterais promovida por potências ocidentais. “O multilateralismo não está ultrapassado; pelo contrário, tornou-se a competitividade institucional da OCS”, aponta o texto.
Cooperação em segurança e desenvolvimento
A OCS nasceu com foco na luta contra terrorismo, separatismo e extremismo. Hoje, amplia sua atuação para áreas como comércio e investimentos, energia, economia digital, agricultura moderna e desenvolvimento verde. Essa expansão, segundo a publicação, demonstra que o multilateralismo genuíno fortalece tanto a segurança quanto a prosperidade compartilhada.
Em 2024, o comércio entre a China e os países da OCS — incluindo membros, observadores e parceiros — alcançou US$ 890,3 bilhões, cerca de 14,4% do total do comércio exterior chinês. Além disso, projetos como as oficinas Luban no Cazaquistão, a introdução de mudas de maçã na Usbequistão e o programa de cirurgias oftalmológicas Lifeline Express ilustram benefícios concretos da cooperação.
Multilateralismo em defesa da paz
A cúpula coincide com datas simbólicas: os 80 anos da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a agressão japonesa e da fundação da ONU. Para Xi Jinping, esse contexto reforça o papel da OCS como defensora e praticante do multilateralismo: “A história revelou que o multilateralismo, a solidariedade e a cooperação são a resposta correta aos desafios globais”, disse em encontro com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Representando cerca de metade da população mundial e um quarto da economia global, os países da OCS, segundo Xi, devem “reforçar a unidade e a cooperação para promover a construção de uma comunidade com futuro compartilhado”. O editorial conclui que esse caminho não apenas garante desenvolvimento regional, mas também injeta estabilidade e energia positiva no cenário internacional.