China reafirma visão de comunidade com futuro compartilhado para a humanidade antes da comemoração da vitória na Segunda Guerra
Diplomata Ma Zhaoxu destaca compromisso do país com paz, multilateralismo e cooperação global em coletiva sobre os 80 anos da vitória contra o fascismo
247 – A China reafirmou seu compromisso com a construção de uma “comunidade com futuro compartilhado para a humanidade” durante coletiva de imprensa em Pequim, nesta sexta-feira (29), realizada no âmbito das comemorações do 80º aniversário da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e na Guerra Mundial Antifascista. A informação foi publicada pelo Global Times.
O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, destacou que o país está empenhado em trabalhar com nações de todo o mundo para fortalecer a paz global, aprofundar a cooperação e ampliar a governança multilateral. Segundo ele, a visão chinesa rompe com a lógica hegemônica do “poder faz o direito” e propõe uma nova abordagem para as relações internacionais.
O conceito de futuro compartilhado
Durante a coletiva, o termo “comunidade com futuro compartilhado para a humanidade” foi mencionado 28 vezes, reforçando sua centralidade na diplomacia chinesa. “A visão rompe as regras dos ‘pequenos círculos’ da política de blocos e vai além da lógica hegemônica do ‘poder faz o direito’, oferecendo uma nova abordagem para as relações internacionais e a governança global”, afirmou Ma.
O diplomata destacou ainda que essa estratégia contempla a resolução de desafios de paz e segurança, a promoção do aprendizado entre civilizações e o avanço do desenvolvimento global diante de unilateralismos e protecionismos.
Reação a críticas ocidentais
Analistas ouvidos pelo Global Times ressaltaram que a ênfase chinesa no conceito busca também responder a narrativas ocidentais que descrevem as comemorações e o desfile militar como demonstrações de poder. “O desfile militar é uma expressão de compromisso com a paz, a justiça e a responsabilidade global, e não uma exibição de força”, afirmou Li Haidong, professor da China Foreign Affairs University.
Wang Yiwei, diretor do Centro de Estudos da União Europeia da Universidade Renmin, acrescentou: “Com cada incremento da força da China, a perspectiva de conflito diminui proporcionalmente. Isso é vital em um momento em que forças de extrema direita nos EUA, no Ocidente e no Japão seguem provocando instabilidade”.
Compromisso com a ONU e o multilateralismo
O vice-ministro também ressaltou que este ano marca os 80 anos da vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial e da fundação da ONU. Para Ma, é fundamental fortalecer, e não enfraquecer, o papel da organização: “São necessárias reformas que ampliem a representatividade e a voz dos países em desenvolvimento nos assuntos internacionais”.
O professor Shen Yi, da Universidade Fudan, afirmou ao Global Times que a atenção global está cada vez mais voltada para o papel da China na dinâmica internacional: “O crescimento chinês serve como força de estabilidade e defesa da paz mundial, sustentando a ordem internacional do pós-guerra com a ONU no centro”.
Relações com grandes potências
Questionado sobre a geopolítica e as relações entre grandes potências, Ma afirmou que a China trabalha por um quadro de coexistência pacífica, estabilidade e desenvolvimento equilibrado. Ele destacou a solidez da parceria estratégica com a Rússia, ressaltando que os dois países carregam o legado de enormes sacrifícios feitos na Segunda Guerra.
Sobre os Estados Unidos, Ma disse que Pequim busca “respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação ganha-ganha”, mas deixou claro que pressões e tentativas de conter o desenvolvimento chinês “estão fadadas ao fracasso”.
Sul Global e União Europeia
Ma também destacou os 50 anos de relações diplomáticas entre China e União Europeia, afirmando que Pequim pretende aprofundar a comunicação estratégica e ampliar a cooperação, apesar das diferenças. Quanto ao Sul Global, ressaltou que a China seguirá fortalecendo a confiança estratégica e a cooperação prática com países em desenvolvimento.
Para o professor Li Haidong, esse posicionamento reflete a responsabilidade chinesa em manter o equilíbrio mundial: “A estabilidade, o equilíbrio e a sustentabilidade das relações entre grandes potências são fundamentais para moldar a ordem global. A China é hoje um exemplo nesse campo”.