EUA impõem tarifa de 20% sobre Taiwan e provocam críticas às autoridades locais
Medida do governo Trump supera alíquotas aplicadas a Japão e Coreia do Sul e gera temor de perda de competitividade da economia da ilha
247 – A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 20% sobre as exportações da ilha de Taiwan provocou uma onda de críticas internas e ironias contra as autoridades do Partido Democrático Progressista (DPP). A notícia foi divulgada pelo Global Times e rapidamente repercutiu na mídia taiwanesa, que estampou manchetes comparando a medida a “espremer um limão”.
O decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entra em vigor em 7 de agosto e impõe à ilha uma tarifa superior à aplicada a Japão e Coreia do Sul, de 15%, e maior que a de outros parceiros comerciais, como a União Europeia (15%) e as Filipinas (19%). A decisão foi interpretada por setores políticos e empresariais como um sinal da vulnerabilidade da estratégia do DPP de aproximação com Washington.
Reações internas e críticas à política do DPP
Na rede social PTT, uma das mais populares em Taiwan, internautas reagiram com sarcasmo, chamando o aumento tarifário de “grande sucesso” do governo local em sua submissão aos interesses norte-americanos. Outros demonstraram preocupação com a fuga de pedidos para concorrentes regionais e com o impacto direto sobre o mercado acionário.
O presidente do Kuomintang, Eric Chu, destacou que, somada à valorização do dólar de Taiwan estimada em 12%, a tarifa representa um peso de 32% sobre as exportações:
“É um sério retrocesso, principalmente quando vemos que Japão e Coreia do Sul enfrentam apenas 15%”, afirmou Chu, segundo a imprensa local.
O líder regional Lai Ching-te, por sua vez, buscou minimizar os efeitos, dizendo à Reuters que a tarifa de 20% seria “temporária” e que há expectativa de renegociar uma redução. No entanto, órgãos econômicos da ilha alertam que setores como máquinas-ferramenta, moldes, produtos plásticos e materiais eletrônicos serão os mais prejudicados, podendo inclusive perder competitividade no mercado americano.
O Partido Trabalhista de Taiwan emitiu uma nota ao Global Times criticando duramente o que chamou de “hegemonia unilateral” dos EUA. O secretário-geral Wang Wu-lang acusou o DPP de fazer concessões sem consulta à indústria ou aos trabalhadores:
“A busca por ‘independência’ apoiando-se nos EUA custou caro às indústrias tradicionais e às pequenas e médias empresas de Taiwan”, disse Wang, alertando para o risco de a ilha tornar-se um peão político de Washington.
Impacto global das tarifas de Trump
O pacote de tarifas anunciado por Donald Trump não se limita a Taiwan. O presidente dos EUA também determinou aumentos para dezenas de parceiros comerciais, incluindo 35% sobre produtos do Canadá, 50% para o Brasil, 25% para a Índia, 19% para a Tailândia e 39% para a Suíça, segundo veículos internacionais como a CNN.
Especialistas alertam que a nova rodada de protecionismo representa uma ameaça às cadeias globais de suprimento. Zhou Mi, pesquisador da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Econômica, disse ao Global Times que as tarifas irão gerar “grandes disparidades de custos e incertezas contínuas de conformidade, com risco de interrupções nas cadeias de produção e aumento no frete”.
A chancelaria chinesa reiterou sua posição contra o uso abusivo de tarifas, lembrando que guerras comerciais “não têm vencedores” e que o protecionismo prejudica todos os envolvidos. Enquanto isso, parceiros afetados por Washington já sinalizam possíveis medidas de retaliação, aumentando a tensão no comércio internacional.
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