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China reage a novas acusações dos EUA sobre acordo comercial da era Trump

Porta-voz da embaixada chinesa em Washington afirma que o país cumpriu integralmente o acordo da Fase Um e acusa Washington de sabotar os resultados

As bandeiras dos EUA e da China são vistas nesta ilustração (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

247 – A China reagiu de forma contundente à decisão dos Estados Unidos de abrir uma nova investigação sobre o cumprimento do acordo comercial da “Fase Um”, firmado em 2020 durante o governo do então presidente Donald Trump. Em nota enviada ao Global Times neste sábado (26), a embaixada chinesa em Washington rejeitou as “falsas acusações” do governo americano e exigiu que Washington “corrija imediatamente suas práticas equivocadas”.

De acordo com a reportagem do Global Times, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) anunciou, na sexta-feira (horário de Washington), o início de uma investigação tarifária alegando o “aparente descumprimento” da China em relação às obrigações previstas no acordo assinado para encerrar a guerra comercial iniciada no primeiro mandato de Trump. Segundo o USTR, Pequim não teria avançado em compromissos envolvendo propriedade intelectual, transferência de tecnologia, agricultura e serviços financeiros.

China diz que cumpre obrigações e acusa EUA de descumprimento

O porta-voz da embaixada chinesa nos EUA, Liu Pengyu, afirmou que Pequim “cumpre rigorosamente suas responsabilidades” e destacou que o país ampliou o acesso ao seu mercado e aumentou as importações de produtos americanos. “Como uma grande nação que leva a sério suas responsabilidades, a China protege a propriedade intelectual, aumenta as importações e cria um ambiente de negócios favorável para investidores de todos os países, inclusive dos Estados Unidos”, declarou Liu.

O diplomata também acusou Washington de minar o espírito do acordo desde sua assinatura. “Desde a implementação do acordo econômico e comercial da Fase Um, os EUA vêm escalando sistematicamente pressões econômicas e adotando medidas restritivas como controles de exportação e limitações a investimentos, o que viola o espírito do pacto”, afirmou.

Críticas às narrativas americanas sobre direitos humanos e Taiwan

Liu acrescentou que os EUA “têm propagado narrativas falsas” sobre temas sensíveis como direitos humanos, Hong Kong, Taiwan, Xinjiang e a pandemia, o que, segundo ele, causou sérios danos às relações bilaterais e ao ambiente comercial. “Essas ações prejudicaram gravemente os laços econômicos e comerciais e desestabilizaram as condições necessárias para a implementação do acordo”, disse.

A China, afirmou o porta-voz, insta os EUA a respeitar os consensos alcançados entre os dois chefes de Estado, proteger os resultados das negociações e tratar as diferenças “com base no respeito mútuo e em consultas em pé de igualdade”, de modo a garantir o desenvolvimento “estável e sustentável” das relações econômicas entre os dois países.

Especialistas dizem que nova investigação fere regras da OMC

He Weiwen, pesquisador sênior do Centro para a Globalização e especialista em comércio internacional, declarou ao Global Times que a nova investigação americana “carece de base legal internacional” e “viola tanto as regras da OMC quanto os compromissos assumidos pelos Estados Unidos” no âmbito da organização. Segundo ele, a iniciativa seria uma tentativa de Washington de obter “fichas de barganha” em novas rodadas de negociações comerciais, previstas para ocorrer na Malásia neste fim de semana.

China divulga livro branco e reafirma compromisso com cooperação

Em abril, o Conselho de Estado da China divulgou o livro branco intitulado A Posição da China sobre as Relações Econômicas e Comerciais China-EUA, no qual acusa os Estados Unidos de não terem cumprido suas próprias obrigações no acordo da Fase Um. O documento menciona falhas de Washington em áreas como transferência de tecnologia, comércio agrícola, serviços financeiros e políticas cambiais.

O ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, reforçou que o país “se opõe firmemente ao desacoplamento e à ruptura das cadeias produtivas” e continuará defendendo “a segurança e a estabilidade da produção global”. Ele destacou que as quatro rodadas anteriores de consultas entre os dois países mostraram que, com respeito mútuo e negociações equilibradas, “é possível encontrar caminhos para lidar com preocupações comuns e promover o desenvolvimento saudável e estável das relações econômicas e comerciais”.

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