China reafirma oposição à politização da tecnologia em resposta a acordo de Nvidia e AMD com governo dos EUA
Porta-voz da chancelaria chinesa critica exigência de repasse de 15% da receita obtida no mercado chinês como condição para licenças de exportação de chips
247 – O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, reafirmou nesta segunda-feira (11) a posição de Pequim contra a politização e a utilização de questões comerciais e tecnológicas como instrumentos de pressão política. As declarações foram feitas em resposta a reportagens, divulgadas pelo Global Times, segundo as quais as fabricantes norte-americanas Nvidia e AMD teriam concordado em repassar 15% da receita obtida com a venda de chips na China ao governo dos Estados Unidos, como condição para a obtenção de licenças de exportação.
Questionado sobre o assunto, Lin Jian afirmou que “a China já deixou clara mais de uma vez sua posição sobre a exportação de chips pelos Estados Unidos para a China”. Ele acrescentou que, no caso específico do controle à exportação de chips de memória de alta largura de banda (HBM), o país mantém “uma posição consistente e clara ao se opor à politização e à instrumentalização de questões de tecnologia e comércio, bem como ao bloqueio e à repressão maliciosos contra a China”.
Segundo o porta-voz, tais práticas afetam não apenas as relações comerciais bilaterais, mas também “prejudicam a estabilidade das cadeias globais de produção e abastecimento, não sendo de interesse de ninguém”. A fala reforça a linha diplomática adotada por Pequim diante das restrições impostas por Washington ao setor de semicondutores, que vêm sendo justificadas pelo governo dos EUA sob argumentos de segurança nacional, mas interpretadas pela China como medidas protecionistas e de contenção tecnológica.
A disputa pelo domínio no setor de chips de alta performance tem sido um dos principais pontos de atrito entre as duas maiores economias do mundo. A China considera que as medidas restritivas norte-americanas comprometem a inovação, a cooperação internacional e o equilíbrio do comércio global, ao passo que as autoridades dos EUA defendem a necessidade de limitar o acesso chinês a tecnologias sensíveis.
A polêmica envolvendo Nvidia e AMD, caso confirmada, poderá acirrar ainda mais o clima de tensão, pois representaria uma nova forma de restrição indireta — ao condicionar o acesso ao mercado chinês a um repasse financeiro ao governo de Washington. Para Pequim, isso simboliza uma escalada na “armamentização” da tecnologia, contrariando os princípios de livre comércio e colaboração mútua defendidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC).