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EUA autorizam Nvidia a exportar chips para a China após encontro de CEO com Trump

Decisão do Departamento de Comércio ocorre dias depois de Jensen Huang se reunir com o presidente Donald Trump

Pessoas perto do logotipo da Nvidia em seu estande durante a China International Supply Chain Expo em Pequim, China, em 16 de julho de 2025 (Foto: REUTERS/Florence Lo)

247 – O Departamento de Comércio dos Estados Unidos começou a emitir licenças para que a Nvidia exporte seus chips H20 para a China, encerrando semanas de paralisação no processo. A decisão foi tomada logo após o CEO da companhia, Jensen Huang, se reunir com o presidente Donald Trump na Casa Branca, segundo informações do Financial Times.

O H20 foi desenvolvido especificamente para o mercado chinês depois que o governo Biden impôs restrições à exportação de chips de inteligência artificial mais avançados. Em abril, a administração Trump inicialmente endureceu a postura e proibiu a venda do modelo para a China, mas reverteu a decisão após lobby direto de Huang no Salão Oval. Mesmo assim, a empresa se queixava de que, três semanas depois do anúncio, as licenças ainda não haviam sido liberadas.

De acordo com fontes ouvidas pelo jornal britânico, Huang voltou à Casa Branca na última quarta-feira e, dois dias depois, o Departamento de Comércio começou a liberar as autorizações. Nem a Nvidia nem o órgão governamental comentaram oficialmente a mudança.

Debate entre segurança nacional e mercado de tecnologia

O H20 se tornou centro de uma disputa entre autoridades de segurança e executivos da indústria. Para setores do governo, permitir que a China tenha acesso ao chip representaria risco de fortalecimento de seu aparato militar. Já a Nvidia argumenta que restringir exportações apenas acelera o desenvolvimento tecnológico chinês, abrindo espaço para competidores locais como a Huawei.

O Financial Times revelou que 20 especialistas em segurança, incluindo Matt Pottinger, ex-vice-assessor de segurança nacional no primeiro governo Trump, e David Feith, que atuou no Conselho de Segurança Nacional, enviaram uma carta ao secretário de Comércio, Howard Lutnick, pedindo que a venda fosse bloqueada. O grupo considerou a autorização um “erro estratégico que coloca em risco a vantagem econômica e militar dos EUA em inteligência artificial”.

A Nvidia, por sua vez, rebateu as críticas, classificando-as como “equivocadas” e negando que o H20 possa ser usado para ampliar as capacidades militares chinesas.

Impactos financeiros e perda de mercado

As restrições impostas inicialmente tiveram impacto bilionário na Nvidia. A empresa registrou um prejuízo de US$ 4,5 bilhões no trimestre encerrado em julho, além de US$ 2,5 bilhões em vendas perdidas. A medida surpreendeu a companhia, que havia informado a clientes chineses que os fornecimentos continuariam normalmente.

O bloqueio foi visto como um golpe que poderia encerrar as vendas legais de chips de IA da Nvidia na China, um mercado que Huang estima atingir US$ 50 bilhões nos próximos dois a três anos. A empresa chegou a prever perda de US$ 8 bilhões em receitas apenas no trimestre de julho.

Mesmo diante das restrições, a Nvidia buscava desenvolver um chip de IA adaptado às novas regras de exportação. Huang alertou que políticas restritivas poderiam fortalecer rivais chineses, lembrando que a participação da empresa nesse mercado caiu de 95% para 50% em quatro anos. Em maio, ele classificou as políticas de exportação dos EUA como um “fracasso”.

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