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China pede união na OMC para enfrentar turbulência comercial e combater o protecionismo

Durante reunião em Genebra, representantes chineses alertaram para práticas unilaterais dos EUA e defenderam o fortalecimento do sistema multilateral

Sede da Organização Mundial do Comércio (OMC), na Suíça (Foto: Reuters/Denis Balibouse)

247 – A China fez um apelo para que os membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) unam esforços a fim de enfrentar a crescente instabilidade no comércio global e proteger o multilateralismo. A posição foi apresentada durante a reunião do Conselho-Geral da OMC, realizada de segunda a terça-feira (6 e 7 de outubro) em Genebra, conforme informou a CCTV News, emissora estatal chinesa.

Segundo a reportagem do jornal Global Times, que repercutiu as declarações, a delegação chinesa propôs incluir na agenda do encontro a discussão sobre as crescentes práticas unilaterais que, segundo o país, ameaçam o equilíbrio do sistema comercial internacional. O apelo de Pequim foi apoiado por diversos membros da organização.

Críticas à política comercial dos Estados Unidos

Durante o encontro, Li Yongjie, chefe da Missão Permanente da China junto à OMC, destacou que a economia e o comércio globais estão sendo “marcados por uma turbulência crescente”. Ele afirmou que as políticas comerciais dos Estados Unidos, sob o governo do presidente Donald Trump, têm desestabilizado cadeias de suprimentos e mercados internacionais.

 “Os Estados Unidos estão usando tarifas unilaterais para coagir alguns membros da OMC a assinarem acordos bilaterais, o que viola os direitos legítimos de muitos terceiros”, disse Li. “Isso tem levado a uma relação comercial baseada no poder, que está corroendo gradualmente o sistema multilateral baseado em regras”, acrescentou o diplomata.

A China manifestou “séria preocupação” com essa tendência e apresentou três recomendações para conter a turbulência:

  1.  Aumentar a transparência e o monitoramento das medidas comerciais;
  2.  Reafirmar o compromisso coletivo com o sistema multilateral baseado em regras;
  3.  Adotar ações concretas para promover resultados práticos dentro da OMC.

Apoio de outros países

Delegações da União Europeia, Brasil, Austrália, Suíça, Paquistão e outros países expressaram apoio aos princípios fundamentais da OMC e defenderam a continuidade da reforma institucional da organização.

A União Europeia manifestou “grave preocupação” com o enfraquecimento do sistema multilateral por práticas “baseadas no poder”. Já Austrália, Nova Zelândia e Coreia do Sul pediram que o secretariado da OMC intensifique o monitoramento de tarifas unilaterais e acordos bilaterais, incentivando os membros a notificarem formalmente tais medidas.

Representantes da Nigéria e de Bangladesh alertaram para o impacto das tarifas unilaterais sobre os países em desenvolvimento, solicitando apoio adicional da OMC. Delegados de Venezuela, Nicarágua e Cuba condenaram de forma veemente as práticas coercitivas e unilaterais dos Estados Unidos.

Resiliência do comércio global

Em entrevista coletiva na terça-feira (7), a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, reconheceu que o comércio mundial enfrenta “ventos contrários” devido às ações unilaterais dos EUA e à crescente incerteza nas políticas comerciais. Ainda assim, destacou a capacidade de recuperação da economia global.

 “Há um núcleo no sistema multilateral de comércio que continua a funcionar bem”, afirmou Ngozi, segundo a agência Xinhua.

A OMC revisou para cima sua projeção de crescimento do comércio global de bens em 2025, passando de 0,9% para 2,4%, o que reflete uma leve melhora nas perspectivas econômicas apesar das tensões geopolíticas e comerciais.

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