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Energia renovável supera o carvão pela primeira vez, com China na liderança global da geração limpa

Energia solar e eólica cresceram mais que a demanda global de eletricidade no primeiro semestre de 2025

Painéis solares na China (Foto: Xinhua)

247 – A energia renovável ultrapassou o carvão pela primeira vez na história como principal fonte de geração elétrica global, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (7) pelo think tank britânico Ember. O estudo, intitulado Global Electricity Mid-Year Insights 2025, revela que o crescimento combinado da energia solar e eólica superou o aumento da demanda global de eletricidade no primeiro semestre deste ano. A reportagem foi publicada originalmente pelo Global Times.

De acordo com o documento, a geração solar mundial cresceu 31% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto a energia eólica aumentou 7,7%. Juntas, as duas fontes renováveis representaram 109% do crescimento líquido da eletricidade no planeta, compensando a redução no uso de combustíveis fósseis. A energia solar sozinha respondeu por 83% da nova capacidade elétrica instalada no período.

 “O crescimento recorde da energia solar e a expansão constante da eólica estão remodelando a matriz elétrica global”, afirmou o relatório.

A virada histórica da transição energética

Para Małgorzata Wiatros-Motyka, analista sênior de eletricidade da Ember, o marco representa “um ponto de virada crítico” na história da energia moderna.

 “Solar e eólica estão crescendo rápido o suficiente para atender ao apetite crescente por eletricidade no mundo. É o início de uma era em que a energia limpa consegue acompanhar a demanda global”, declarou.

O estudo aponta que países em desenvolvimento, especialmente a China, lideram a revolução verde, enquanto nações mais ricas como os Estados Unidos e membros da União Europeia aumentaram a dependência de fontes fósseis, pressionadas por condições climáticas desfavoráveis e mudanças regulatórias.

China, líder indiscutível da energia limpa

A China manteve sua posição de liderança global, adicionando mais capacidade solar e eólica do que o restante do mundo combinado. O avanço permitiu uma redução de 2% na geração fóssil do país no primeiro semestre de 2025.

Segundo o relatório, a China foi responsável por 55% das novas instalações solares globais, seguida pelos Estados Unidos (14%), União Europeia (12%), Índia (5,6%) e Brasil (3,2%).

O governo chinês vem consolidando um modelo de desenvolvimento de baixo carbono, com destaque para o mercado nacional de comércio de emissões. Para Lin Boqiang, reitor do Instituto de Estudos em Política Energética da Universidade de Xiamen,

 “A China possui o maior sistema de produção e consumo de energia do mundo, e a crescente proporção de fontes limpas, como solar e eólica, tem sido fundamental para a transição verde global.”

EUA e Europa enfrentam retrocessos

Enquanto a China avança, o relatório mostra que a geração fóssil aumentou nos Estados Unidos e na União Europeia. Nos EUA, o crescimento da demanda superou o da energia limpa, elevando a dependência do carvão e do gás. Na Europa, uma queda na produção eólica e hidrelétrica forçou o aumento do uso de combustíveis fósseis.

A Agência Internacional de Energia (IEA) também reduziu em quase 50% sua previsão de crescimento para as energias renováveis nos EUA, citando o fim antecipado de incentivos fiscais federais e mudanças regulatórias.

A IEA destacou ainda a hegemonia chinesa nas cadeias globais de fornecimento de painéis solares e metais raros usados em turbinas eólicas.

 “Mesmo com novos investimentos para diversificar a produção em outros países, a concentração de segmentos-chave na China deve permanecer acima de 90% até 2030”, observou a agência.

Compromisso global e mensagem da ONU

O secretário-geral da ONU, António Guterres, celebrou o avanço das energias limpas.

 “O futuro da energia limpa não é mais uma promessa distante — ele já chegou”, escreveu em suas redes sociais. “A comunidade internacional deve aproveitar esta oportunidade histórica e acelerar a transição global para um futuro melhor para todos.”

Durante a última Cúpula do Clima das Nações Unidas, a China apresentou uma nova meta climática, comprometendo-se a reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa entre 7% e 10% até 2035, segundo a Xinhua.

Um novo paradigma energético

A combinação de recordes de energia solar e expansão constante da eólica mostra que o mundo entrou em uma nova fase da transição energética. Com a China à frente, o equilíbrio global da geração elétrica começa a se deslocar de forma estrutural em direção a fontes limpas e sustentáveis — um movimento que redefine o papel das grandes potências e sinaliza o início de uma economia verdadeiramente verde.

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