Embaixada da China no Panamá reage a acusações dos Estados Unidos e denuncia “arrogância e hipocrisia”
Após embaixador americano apontar "influência maligna" no Canal do Panamá, diplomacia chinesa acusa Washington de tentar semear discórdia na América Latina
247 – Após declarações do embaixador americano Kevin Marino Cabrera sobre suposta influência maligna de Pequim no Canal do Panamá, diplomacia chinesa rebate e acusa Washington de tentar semear discórdia na América Latina
A Embaixada da China no Panamá reagiu com firmeza às declarações do embaixador dos Estados Unidos, Kevin Marino Cabrera, que acusou Pequim de exercer uma “influência maligna” no Canal do Panamá e de promover “ataques cibernéticos e corrupção”. A resposta chinesa foi publicada nesta segunda-feira (6) no site oficial da embaixada e reproduzida pelo jornal Global Times, que deu crédito à posição do governo chinês.
Segundo o Global Times, um porta-voz da embaixada classificou as declarações de Cabrera como “infundadas e ilógicas”, afirmando que elas têm o objetivo de “semear discórdia entre a China e os países da região, minar a independência diplomática dessas nações e servir aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos”.
“Ameaças e intimidações apenas expõem a própria arrogância e hipocrisia”, declarou o porta-voz, em uma das passagens mais contundentes da nota.
Acusações americanas e resposta chinesa
Na entrevista publicada no domingo por um veículo panamenho, o embaixador Kevin Marino Cabrera afirmou que a presença chinesa no Canal do Panamá é “maligna”, sugerindo que o país asiático usa tecnologia não confiável e até ameaça revogar vistos de pessoas que cooperem com empresas chinesas.
A resposta de Pequim foi imediata. A embaixada destacou que o governo chinês orienta suas empresas a “cumprir as leis locais e contribuir para o desenvolvimento das comunidades” onde atuam. O texto ressalta que os projetos chineses no Panamá e em outros países latino-americanos “têm feito contribuições significativas para o desenvolvimento econômico e social local”.
“Os produtos chineses são reconhecidos por sua alta qualidade e acessibilidade, e são bem recebidos pelas populações locais”, diz o comunicado.
“O império dos hackers” e o uso político de vistos
A embaixada também respondeu às acusações de ciberespionagem, afirmando que a China “se opõe e combate atividades de hackers conforme a lei”.
“É amplamente conhecido que os Estados Unidos são o maior e mais confirmado ‘império dos hackers’ e ‘império da espionagem’ do mundo. Ainda assim, tentam colar o rótulo de espionagem cibernética na China — um clássico caso de ‘o ladrão que grita pega ladrão’”, declarou o porta-voz.
Em relação ao tema dos vistos, a nota acusa Washington de usar o instrumento como forma de coerção diplomática.
“Os Estados Unidos têm usado vistos como arma para ameaçar autoridades do governo panamenho e membros do Congresso que mantêm relações com a China”, disse o porta-voz, acrescentando uma metáfora provocativa: “Verdadeiros amigos não se deixam intimidar. Quando o Mickey Mouse fecha a porta, o Panda abre os braços para recebê-los”.
Apelo por cooperação e respeito mútuo
Encerrando a nota, o representante da embaixada instou os Estados Unidos a “abandonar sua arrogância e preconceito” e a “fazer mais pelo desenvolvimento real dos países da região e pelo bem-estar de seus povos”.
“Mentiras não podem encobrir a verdade; difamar os outros não torna ninguém melhor; ameaças e intimidações apenas revelam arrogância e hipocrisia”, concluiu o comunicado da diplomacia chinesa.
A troca de declarações reflete o aumento das tensões entre Washington e Pequim na América Latina, especialmente em torno de investimentos estratégicos em infraestrutura, energia e telecomunicações.