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Embaixada da China no Panamá reage a acusações dos Estados Unidos e denuncia “arrogância e hipocrisia”

Após embaixador americano apontar "influência maligna" no Canal do Panamá, diplomacia chinesa acusa Washington de tentar semear discórdia na América Latina

Uma vista aérea mostra navios de carga atracados no Porto de Balboa, operado pela Panama Ports Company, no Canal do Panamá, na Cidade do Panamá, Panamá, em 1º de fevereiro de 2025 (Foto: REUTERS/Enea Lebrun)

247 – Após declarações do embaixador americano Kevin Marino Cabrera sobre suposta influência maligna de Pequim no Canal do Panamá, diplomacia chinesa rebate e acusa Washington de tentar semear discórdia na América Latina

A Embaixada da China no Panamá reagiu com firmeza às declarações do embaixador dos Estados Unidos, Kevin Marino Cabrera, que acusou Pequim de exercer uma “influência maligna” no Canal do Panamá e de promover “ataques cibernéticos e corrupção”. A resposta chinesa foi publicada nesta segunda-feira (6) no site oficial da embaixada e reproduzida pelo jornal Global Times, que deu crédito à posição do governo chinês.

Segundo o Global Times, um porta-voz da embaixada classificou as declarações de Cabrera como “infundadas e ilógicas”, afirmando que elas têm o objetivo de “semear discórdia entre a China e os países da região, minar a independência diplomática dessas nações e servir aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos”.

 “Ameaças e intimidações apenas expõem a própria arrogância e hipocrisia”, declarou o porta-voz, em uma das passagens mais contundentes da nota.

Acusações americanas e resposta chinesa

Na entrevista publicada no domingo por um veículo panamenho, o embaixador Kevin Marino Cabrera afirmou que a presença chinesa no Canal do Panamá é “maligna”, sugerindo que o país asiático usa tecnologia não confiável e até ameaça revogar vistos de pessoas que cooperem com empresas chinesas.

A resposta de Pequim foi imediata. A embaixada destacou que o governo chinês orienta suas empresas a “cumprir as leis locais e contribuir para o desenvolvimento das comunidades” onde atuam. O texto ressalta que os projetos chineses no Panamá e em outros países latino-americanos “têm feito contribuições significativas para o desenvolvimento econômico e social local”.

 “Os produtos chineses são reconhecidos por sua alta qualidade e acessibilidade, e são bem recebidos pelas populações locais”, diz o comunicado.

“O império dos hackers” e o uso político de vistos

A embaixada também respondeu às acusações de ciberespionagem, afirmando que a China “se opõe e combate atividades de hackers conforme a lei”.

 “É amplamente conhecido que os Estados Unidos são o maior e mais confirmado ‘império dos hackers’ e ‘império da espionagem’ do mundo. Ainda assim, tentam colar o rótulo de espionagem cibernética na China — um clássico caso de ‘o ladrão que grita pega ladrão’”, declarou o porta-voz.

Em relação ao tema dos vistos, a nota acusa Washington de usar o instrumento como forma de coerção diplomática.

 “Os Estados Unidos têm usado vistos como arma para ameaçar autoridades do governo panamenho e membros do Congresso que mantêm relações com a China”, disse o porta-voz, acrescentando uma metáfora provocativa: “Verdadeiros amigos não se deixam intimidar. Quando o Mickey Mouse fecha a porta, o Panda abre os braços para recebê-los”.

Apelo por cooperação e respeito mútuo

Encerrando a nota, o representante da embaixada instou os Estados Unidos a “abandonar sua arrogância e preconceito” e a “fazer mais pelo desenvolvimento real dos países da região e pelo bem-estar de seus povos”.

 “Mentiras não podem encobrir a verdade; difamar os outros não torna ninguém melhor; ameaças e intimidações apenas revelam arrogância e hipocrisia”, concluiu o comunicado da diplomacia chinesa.

A troca de declarações reflete o aumento das tensões entre Washington e Pequim na América Latina, especialmente em torno de investimentos estratégicos em infraestrutura, energia e telecomunicações.

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