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Cerca de 150 mil pessoas participam de ato de extrema direita em Londres após o assassinato de Charlie Kirk

Protesto foi marcado por violência, apoio de Elon Musk e uso político da morte do ativista

Protesto de extrema-direita em Londres (Foto: VCG)

247 – Cerca de 150 mil pessoas marcharam em Londres, no sábado (13), em um dos maiores protestos da extrema direita no Reino Unido nos últimos anos. A manifestação foi organizada por Tommy Robinson, ativista de posições xenófobas e anti-imigração, e resultou em confrontos violentos com a polícia, deixando pelo menos 26 agentes feridos. A cobertura foi divulgada pelo Global Times, com base em reportagens da BBC, do Guardian e de outras fontes.

O ato foi impulsionado pelo assassinato do ativista norte-americano Charlie Kirk, cuja morte vem sendo explorada politicamente como bandeira da extrema direita. Segundo especialistas ouvidos pelo Global Times, a mobilização está diretamente ligada tanto ao crescimento de movimentos populistas à direita no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Europa, quanto ao poder das redes sociais em radicalizar o debate político.

Violência nas ruas e condenação oficial

A marcha, batizada de Unite the Kingdom, começou com milhares de manifestantes protestando contra políticas de imigração do governo britânico. De acordo com a Polícia Metropolitana de Londres, grupos lançaram garrafas e objetos contra agentes, provocando confrontos em Westminster. A secretária do Interior, Shabana Mahmood, condenou a violência: “Qualquer pessoa envolvida em atividades criminosas enfrentará todo o rigor da lei”, afirmou à BBC.

Foram registradas 25 prisões por diferentes delitos. O Guardian destacou que a escala do protesto superou em muito as expectativas das autoridades, criando um ambiente de tensão e insegurança no centro da capital britânica.

Elon Musk participa por videolink

Um dos momentos mais polêmicos foi a participação do bilionário Elon Musk, que falou aos manifestantes por videoconferência. Em sua intervenção, ele atacou a política migratória britânica, defendeu uma “mudança de governo” e chegou a pedir a dissolução do Parlamento: “Algo precisa ser feito. Tem que haver uma dissolução do Parlamento e uma nova votação”, disse Musk, segundo a BBC.

Musk ainda declarou: “A esquerda é o partido do assassinato”, em referência à morte de Charlie Kirk, e acusou setores progressistas de celebrarem o crime. Suas falas foram amplamente amplificadas por Robinson em sua conta no X (ex-Twitter), que transmitiu a manifestação ao vivo.

O uso político da morte de Charlie Kirk

Segundo o pesquisador Li Guanjie, da Shanghai Academy of Global Governance, “grupos de direita e extrema direita no Reino Unido estão utilizando a morte de Kirk como ponto de mobilização para confrontar movimentos progressistas”. Ele alertou que a estratégia pode se espalhar para outros países com vínculos históricos com o Ocidente.

O especialista Feng Zhongping, diretor do Instituto de Estudos Europeus da Academia Chinesa de Ciências Sociais, destacou que a combinação entre crise econômica, disputas sobre imigração e fragmentação política cria terreno fértil para o avanço de discursos extremistas. “Essa fragmentação mina a governabilidade estável, facilitando a ascensão de forças radicais”, disse.

Redes sociais como catalisador

O colunista John Harris, do Guardian, chamou atenção para o papel das plataformas digitais na radicalização política. Para ele, aplicativos de vídeos curtos transformaram a internet em “uma dieta de violência, preconceito, dano e agitação social”, substituindo o conteúdo leve por narrativas de ódio que moldam a percepção pública.

Antes de sua morte, Kirk acumulava mais de sete milhões de seguidores nessas redes. Seu assassinato, ocorrido em frente a dezenas de celulares, foi descrito por um comentarista norte-americano como “um influenciador morto a tiros diante de uma plateia de smartphones”. O episódio vem sendo usado como símbolo em atos como o de Londres.

Internacionalização da extrema direita

A manifestação também contou com a presença do político francês Éric Zemmour, que voltou a defender a teoria conspiratória do “grande substituto”. Ele afirmou: “Vocês e nós estamos sendo colonizados por nossos ex-colônias”, segundo o Guardian.

Robinson, cujo nome verdadeiro é Stephen Yaxley-Lennon, discursou atacando políticos britânicos, acusando-os de repetirem suas ideias em público enquanto, na prática, dariam prioridade aos direitos de imigrantes em detrimento das comunidades locais.

Enquanto cerca de 150 mil pessoas participaram do ato principal, um contraprotesto organizado pelo grupo Stand Up To Racism reuniu 5 mil pessoas em Londres, segundo a BBC.

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