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      Brasil e Índia ignoram pressão dos EUA e mantêm compras de petróleo da Rússia

      Apesar de ameaças de sanções por parte de Donald Trump, países reforçam soberania energética e criticam duplo padrão norte-americano

      Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante jantar oferecido pelo Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin.Grande Palácio do Kremlin. (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Apesar das recentes ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Índia e o Brasil decidiram manter suas importações de petróleo da Rússia, desafiando diretamente a pressão de Washington, informa o Global Times.

      Segundo a Reuters, autoridades indianas que preferiram o anonimato afirmaram que “não haverá mudanças imediatas” nos contratos de compra de petróleo russo, mesmo após Trump ter sugerido a imposição de uma tarifa de 25% e possíveis penalidades não especificadas, caso o país não suspendesse as importações. "Esses são contratos de longo prazo. Não é tão simples parar de comprar do dia para a noite", disse uma das fontes.

      O New York Times reforçou a informação ao relatar que dois altos funcionários do governo indiano confirmaram que não houve qualquer orientação oficial para reduzir as compras de petróleo da Rússia. Atualmente, os russos representam cerca de 35% do petróleo importado pela Índia, com uma média de 1,75 milhão de barris por dia entre janeiro e junho deste ano.

      Celso Amorim: Brasil não aceita sanções fora do Conselho de Segurança da ONU - No sábado, o Brasil também rechaçou a exigência norte-americana de encerrar a importação de petróleo russo. Celso Amorim, assessor internacional do presidente Lula, declarou: “Somos contra sanções econômicas em qualquer circunstância, a menos que sejam autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU.”

      Para analistas ouvidos pelo Global Times, as decisões de Brasil e Índia refletem uma postura estratégica fundamentada em interesses econômicos e na defesa da soberania nacional. Qian Feng, diretor do Instituto Nacional de Estratégia da Universidade de Tsinghua, destacou que a Índia, país com alta dependência de energia, precisa garantir fontes acessíveis e confiáveis para sustentar seu crescimento. “O petróleo russo é barato e de boa qualidade. Isso assegura reservas e ajuda no desenvolvimento econômico”, afirmou.

      Críticas à hipocrisia dos EUA - A recusa da Índia em ceder à pressão dos Estados Unidos expôs, segundo especialistas, uma contradição da política externa norte-americana. O professor Srikanth Kondapalli, da Universidade Jawaharlal Nehru, ressaltou que, enquanto critica as importações indianas, Washington continua adquirindo urânio da Rússia e países europeus seguem comprando petróleo russo.

      Já o pesquisador Lü Xiang, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, afirmou que Brasil e Índia estão demonstrando maturidade diplomática ao priorizarem seus próprios interesses. “As tarifas de Trump têm causado grandes prejuízos. Em vez de esperar passivamente, é melhor resistir e tentar reduzir as perdas”, disse.

      Modi reage e reforça campanha por produtos nacionais - Em resposta à escalada de tensão comercial, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, adotou um discurso nacionalista. Em comício na cidade de Varanasi, afirmou: “Num momento em que o mundo enfrenta incertezas, vamos assumir o compromisso de vender apenas produtos indianos em nossas lojas e mercados. Promover o que é feito na Índia será o maior serviço à nação".

      Segundo o Times of India, a fala de Modi busca mobilizar apoio interno diante do impacto negativo da tarifa imposta por Trump. Analistas chineses, como Hu Zhiyong, da Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, apontam que o discurso também tenta conter o desgaste político interno e fortalecer o governo para as eleições do próximo ano.

      A oposição indiana também reagiu. O líder do Congresso, Jairam Ramesh, ironizou a proximidade entre Modi e Trump, lembrando eventos como o “Howdy Modi” nos EUA. “Todo aquele afeto entre ele e Trump significou muito pouco”, disse Ramesh, segundo o India Today.

      Perspectivas para a relação Índia-EUA - O agravamento das tensões comerciais pode levar a Índia a revisar sua política externa, avaliou o pesquisador Qian Feng. Caso os EUA continuem a aplicar medidas unilaterais, Nova Délhi pode intensificar sua estratégia de equilíbrio entre grandes potências, fortalecendo laços com parceiros como a Rússia e a China.

      Enquanto isso, Brasil e Índia reiteram sua autonomia em um cenário geopolítico cada vez mais polarizado. Ao manterem suas relações comerciais com Moscou, ambos os países não apenas reafirmam sua soberania, mas também desafiam as sanções unilaterais lideradas pelos Estados Unidos — agora sob o segundo mandato do presidente Donald Trump.

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